quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Túmulos e memórias

Pessoalmente, odeio vandalismos de qulaquer espécie. Mas gosto ainda menos de vandalismos quando estes se dirigem a cemitérios. Porque os cemitérios são lugares inofensivos, cheios de gente que já morreu, e que nada pode fazer para se defender.

Isto tudo a respeito dos actos de vandalismo em Santa Comba Dão,dirigidos contra o túmulo de Salazar.

Não percebo que mais de 30 anos depois da sua morte, ainda haja gente com paciência de se enfiar num cemitério a meio da noite apenas e só para ir danificar a campa de Salazar.

No entanto, verifico agora que as reacções face a estes actos são muito mais brandas do que quando foram vandalizadas campas num cemitério judaico (acto igualmente condenável). Nessa altura, ouvimos declarações do Alto Comissário para a Integração e Minorias Étnicas, condenando o acto, vimos jornalistas à porta do cemitério a reconstituir as acções, acompanhámos a par e passo os procedimentos de investigação policial até à detenção dos suspeitos...enfim, houve sobre esse caso uma atenção mediática bastante maior do que ocorre agora.

Portanto, resta saber o que é que a sociedade condena. Será o acto de vandalismo de uma campa? Ou será apenas o acto de vandalismo de uma campa num cemitério judaico?

Será que se a campa de Álvaro Cunhal fosse vandalizada, as reacções seriam as mesmas? Certamente que não. A indignação geral seria uma realidade e toda a gente se apressaria a condenar aquele acto.

Serve isto para dizer apenas que nem só os judeus ou os comunistas têm memórias. Não discuto aqui a bondade ou maldade de Salazar, manifesto-me apenas pela preservação da sua memória, que merece respeito.

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