Há alguns dias, o Ministro da Saúde fechou as urgências de Anadia, o que despoletou uma revolta da população. Há menos dias ainda, o maior dos azares: uma criança morre à porta desse mesmo hospital, que estava com as urgências encerradas.
Obviamente que a morte, quando tem de acontecer, acontece mesmo e nada há a fazer contra isso. Mas será que a morte daquela criança ocorreria no meio da rua se as urgências estivessem abertas? Julgo que não... Num caso daqueles, a criança e os pais entrariam no hospital e, se nada houvesse a fazer, a criança morreria dentro das paredes do hospital, com privacidade e acompanhada pelos pais.
No entanto, este caso suscita-me alguma perplexidade por duas razões: em primeiro lugar, pelo ar calmo e aparentemente resignado do pai, que falou para a televisão com uma naturalidade tal, que parecia que o filho não tinha morrido, mas sim caído de uma bicicleta, por exemplo. Claro que cada um lida com a morte à sua maneira, mas um ar um bocadinho mais triste não lhe tinha ficado nada mal.
Em segundo lugar, as declarações infelizes do Ministro. Quando questionado da morte da criança, a sua primeira reacção foi um sorriso (!). Será que para ele não há nada melhor do que a morte de uma criança?
Depois, não contente com isso, ainda disse a um jornalista que "se as suas avozinhas e bisavós não tivessem morrido, ainda hoje eram vivas". Aqui, é de louvar o comportamento do jornalista que engoliu aquela provocação em vez de lhe dar com o microfone na cabeça que era o que o Ministro merecia.
Portanto, é este o estado da saúde. Hoje em dia, há horas para morrer num hospital. Além disso, há também um Ministro que em tempos deve ter sido um humorista fracassado. O pior é que todas as suas piadas são secas...
ALENTEJO ALENTEJO!!
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