quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Acerca do petróleo

Todos nós, de forma directa ou indirecta, temos vindo a sofrer com o aumento do preço do petróleo. No entanto, não interessa aqui fazer uma longa dissertação "al-goriana" acerca da dependência humana do petróleo, concluindo no final que vamos todos derreter e afogar-nos.
Interessa sim, fazer uma análise racional que nos permita distinguir os aumentos inevitáveis da relação entre a procura e a oferta e os aumentos evitáveis, que apenas servem para aumentar os lucros de quem vende esses produtos. Para fazer essa análise, tomarei como ponto de partida um derivado do petróleo: a gasolina.

Nos últimos anos, em consequência do aumento do petróleo (e não só...), a gasolina tem vindo a aumentar progressivamente, fazendo com que as pessoas já achem normal pagar-se quase 1,5€ por 1 litro de gasolina.

No entanto, apercebi-me de uma coisa interessante. As gasolineiras (Galp, Repsol, BP, entre outras) não compram o petróleo ao preço a que nós o vemos nas notícias todos os dias. Com efeito, estas empresas só são afectadas por uma subida do preço do petróleo cerca de 3 meses depois de essa subida efectivamente acontecer.
Isto revela uma falta de seriedade enorme. Basta ver que, assim que o petróleo tem uma subida vertiginosa (como ocorreu há um tempo com a passagem da barreira de 100 dólares por barril), imediatamente sobe o preço da gasolina. E quando digo "imediatamente" refiro-me ao dia imediatamente a seguir.

A desculpa é sempre a mesma: "o petróleo aumentou". Mas o facto é que o petróleo a 100 dólares só irá ter efeitos directos no preço da gasolina cerca de 3 meses depois. E aqui está a falta de seriedade. Se estas empresas querem aumentar os lucros, que os aumentem. Mas quando o fazem, não usem desculpas esfarrapadas. Digam simplesmente que vão aumentar a gasolina para ganharem mais dinheiro.

Outro problema é, a meu ver, a cartelização do mercado dos combustíveis em Portugal. OK, a carga fiscal é altíssima. Mas isso não é justificação para os preços serem exactamente os mesmos em todas as bombas. Por vezes há diferenças de 0,002 cêntimos, o que é irrisório e ridículo. E o facto é que todas as bombas aumentam e diminuem os seus preços ao mesmo tempo, como se estivessem concertadas.
Para mim, isto é cartel puro e duro. E não percebo como é que as famosas entidades reguladoras, tão rápidas a intervir em certos assuntos, ainda não se mexeram para investigar isto.

Porque os prejudicados somos sempre nós, os clientes. Que não temos alternativa. Ou pomos a gasolina ao preço que eles querem ou então lixamo-nos e andamos a pé.

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