segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

A Natalidade em Portugal

Hoje, o programa Prós e Contras vai discutir as razões que levam à baixa natalidade em Portugal.
No entanto, as razões para a baixa natalidade parecem-me evidentes, olhando para a sociedade de hoje. Não é possível que a natalidade suba se é permitido que uma mulher mate um filho seu antes ainda de ele nascer.

Será que ninguém se lembrou disto em Fevereiro passado, quando aprovaram o referendo ao aborto?

É humanamente impossível querer que os portugueses tenham mais filhos quando se lhes dá a hipótese de escolher se querem ou não que aquela criança nasça. Este é para mim, o problema central para a baixa natalidade, embora não seja o único.

Há já muitos anos, os filhos eram, para os pais, um investimento. Seria alguém que os sustentaria no futuro e que, a curto prazo, iria contribuir para as receitas familiares através do seu próprio trabalho. De uma forma objectiva, este modelo estava perfeitamente correcto, porque era inegável que, nessa altura, a natalidade era elevadíssima. Contudo, de outro ponto de vista, este modelo era condenável, porque permitia a existência de trabalho infantil, por exemplo.

Hoje em dia, os filhos são um meio de realização pessoal. E as pessoas querem, muitas vezes, dar aos filhos um nível de vida que, se calhar, nunca tiveram. E isto faz com que não tenham muitos filhos, visto que é difícil sustentar 3 ou mais filhos, mantendo o nível de vida que poderiam ter se tivessem apenas 1 filho.

Portanto, hoje em dia, nesta sociedade materialista e consumista, o que importa é ter um só filho para lhe proporcionar uma vida de rei.
Daqui a alguns anos, para além do envelhecimento da população e da falência dos sistemas de segurança social, estes pais, que criaram o seu filho dando-lhe aquilo que podem e não podem, enfrentarão um grave problema: o seu filho, aquela coisa adorável que agora se transformou num adulto, irá ser um mimado e um preguiçoso, porque sempre foi habituado a ter tudo aquilo que quis.
E agora, estes pais, que pretendiam talvez gozar a sua reforma com algumas viagens que nunca puderam fazer, têm, dentro de suas casas, um parasita, que pretende lá ficar sabe Deus até quando, e que exige dos pais a mesma atenção (pessoal e, sobretudo, material) a que foi habituado.

No fundo, o problema da baixa natalidade não é só um problema de envelhecimento populacional e de falência dos sistemas de segurança social. O grande problema é que estes pais estão a criar uma nova geração que será preguiçosa, comodista e acomodada.

A baixa natalidade não põe apenas em causa o futuro económico do País. Este flagelo está a criar uma geração sem ideais, e mal habituada, que nunca irá zelar convenientemente pelos interesses do País.

Sem comentários: