quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Joe, the plumber

Fiquei hoje a conhecer um americano. Joe, the plumber, é o seu nome. É canalizador e trabalha por conta de outrem há mais de 20 anos.

Como todo o americano tem o seu sonho, Joe não foge a regra. E o seu sonho consiste em juntar-se a uns quantos colegas e comprarem a empresa onde trabalham, de forma a serem patrões de si próprios.

Mas há um problema. Joe estudou um pouco, e percebeu que pode estar a ser enganado. Afinal, a compra da empresa pode-lhe permitir livrar-se do patrão, mas pode também significar o pagamento de mais impostos, dado o aumento dos seus rendimentos.

O que é que Joe faz? Aproveita a passagem da caravana de Barack Obama pela sua cidade, e confronta o candidato com o seu problema, numa ocasião onde ele se encontrava rodeado de câmaras.

É nesta altura que paramos o raciocínio e damos os parabéns ao staff da candidatura de Barack Obama. E porquê? Porque tiveram uma das melhores jogadas de marketing político de sempre. Obviamente, este pacato canalizador fez parte de uma grande encenação montada pela campanha de Obama.

Só não percebe isso quem não quer.

Ora vejamos: como é que Joe, um mero americano de classe média, chega à fala com o próprio candidato, furando o batalhão de seguranças que o rodeia? Como é que Joe chega à fala com Obama no preciso momento em que todas as televisões estão a gravar, e ninguém sabe que tipo de pergunta, reparo ou comentário poderá vir dali?

Em termos de marketing político (e pessoal, no caso de Joe), esta encenação foi genial. Mas em termos pessoais e humanos demonstrou, uma vez mais, a plasticidade de Obama, que precisa de contratar figurantes no seu próprio país para lhe fazer perguntas que, quase de certeza foram previamente ensaiadas, e para as quais Obama tinha uma resposta na ponta da língua, como se estivesse a desbobinar uma cassette.

Se o Sócrates aprende isto, os portugueses que se cuidem porque nas próximas eleições, seja em que terra for, lá teremos um Sr. Silva ou coisa que o valha a fazer perguntas a Sócrates sobre o "brilhantismo da sua governação".

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