quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Tretas...

Li agora que as urgências só voltarão a fechar até que haja alternativas.

Esta nova posição por parte do Governo revela que foi passado um atestado de incompetência às medidas de Correia de Campos que, pelos vistos, fechou urgências sem ter alternativas válidas.

O problema é que o primeiro-ministro esteve sempre ao lado do Ministro da Saúde na defesa deste tipo de medidas. Porquê agora esta inversão, dizendo que só se fecharão urgências quando haja alternativas?

Será que antes da remodelação era indiferente para o Governo se existiam alternativas ou não?

É o que parece...

Também me faz confusão pensar que os políticos em geral não sabem admitir que cometem erros. Sócrates teria sido bem mais transparente se tivesse dito que já não concordava com aquelas políticas e que iria implementar novas reformas na área da Saúde. Claro que isso depois não rende votos, mas pelo menos havia alguma honestidade na remodelação governamental.

Sinceramente, alguém acredita que os ministros pediram para sair? Claro que não. Todos sabemos que isso não é verdade. No entanto, ninguém censura Sócrates por ele mentir descaradamente acerca dos motivos da remodelação. Havia menos polémicas se ele admitisse que, enquanto chefe do Governo, tinha demitido os dois ministros.

No fundo, ouvimos o primeiro-ministro a tentar convencer as pessoas, dizendo uma data de tretas. E o que é que se faz a quem mente? Pelos vistos, nada, porque todos se mantêm impávidos e serenos, mesmo sabendo que foram enganados...

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

O "ghetto"

Não tenho por hábito transcrever artigos para o blog, mas julgo que este diz tudo. Ainda por cima com uma precisão impressionante.

«Uma escola belga, há poucos meses, obrigou os alunos que fumam a usarem uma badge distintiva, qual estrela amarela de famigerada memória. E há umas semanas, num engarrafamento nocturno em Bruxelas, o chauffeur do táxi em que eu seguia pediu licença para fumar um cigarro, acrescentando que eu, único passageiro, também podia fazê-lo, mas era preciso ter muito cuidado com a fiscalização, porque a multa era pesada!Os fumadores estão, na sua esmagadora maioria, perfeitamente dispostos a respeitar os não fumadores, desde que a inversa seja verdadeira. De há muito que se disciplinaram, habituando-se a não fumar nos transportes, em serviços de atendimento ao público, em restaurantes fora das zonas reservadas, etc., etc. Não lhes vale de nada. O torniquete fundamentalista fica cada vez mais apertado. Criam-se ghettos para os fumadores ou, como sucede nalguns aeroportos, autênticas câmaras de gás... A quem possa interessar recorda-se que o conceito de "tabagismo passivo" foi formulado pela primeira vez na Alemanha hitleriana (cf. Imre von der Heydt, Une Cigarrete? Défense Lucide d'une Passion, Actes Sud, p. 46).O tabaco faz parte de todas as formas da cultura dos últimos quatro séculos. Em livros, em filmes, em peças de teatro, em quadros, em fotografias... Muita gente lhe deve (e lhe devemos todos) inúmeras horas de criação exaltante. O mundo recebeu do tabaco benefícios sem conta. E, nessa medida, o tabaco até faz bem, pelo menos à saúde psíquica. Fumar ou não fumar, desde que o facto não incomode terceiros, diz apenas respeito ao exercício da liberdade individual. Entretanto os ritmos do trabalho diário passarão a tornar-se problemáticos porque uma gente degenerada e bisonha vem dar umas puxas no seu cigarrinho para a porta das empresas várias vezes por dia, enquanto a produtividade se lixa. E se não vierem fumar para a rua, a produtividade continuará a ser prejudicada.Antevêem-se chorudos negócios com a desvelada assistência psicológica e medicamentosa a quem quiser deixar de fumar. Profissionais de vária competência serão convocados para enquadrarem ternurentamente os que tanto anseiam por se verem livres do funesto vício. As entidades patronais preferem pagar isso a aumentar os ordenados. Nas universidades acabará por haver cursos e licenciaturas em antitabagismo, com manifesta vantagem para a I&D no sector da nicotina. Outras sinistras repressões se desenham no horizonte e o politicamente correcto há-de sustentá-las encarniçadamente.Serão banidos o bife, os enchidos, o queijo, a manteiga, o sal, o café e até o pão (por causa dos hidratos de carbono), sob o mesmíssimo pretexto de que tudo isso faz mal à saúde. Quando não se puderem imputar ao tabaco as doenças cardiovasculares e o cancro do pulmão, as estatísticas serão manipuladas para se justificar mais uma interdição qualquer. E até nem se percebe que a ASAE não tenha já proibido a Coca-Cola cuja fórmula é secreta, o que prejudica a rastreabilidade.Não faltará quem tente instaurar uma nova "lei seca" na União Europeia. Tal como aconteceu com o tabaco, começa-se com a rotulagem das bebidas e depois vem o resto. Lá se vai a bela pinga às refeições! Em nome do bem-estar animal, há- -de acabar-se com a caça, com o foie- -gras, com a bela sardinha assada e até com os franguinhos de aviário, por ser inimaginável a perdiz com o chumbo no papo, o ganso com hipertrofia provocada no fígado, o peixinho a contorcer-se nas vascas da asfixia ao sair da água, o pintainho fofo e penugento destinado à electrocussão...Para evitar o aumento de CO2 na atmosfera, não tardarão a ser reduzidos os transportes de fruta e de flores por avião, nem a ser dificultado o turismo do Norte em direcção aos países do Sul. O fundamentalismo odeia os mais simples prazeres da vida. Só pensa a vida em termos de vícios, ghettos e repressão. É ele que polui o mundo.Contra esta jihad, afirmemos os benefícios do tabaco. Por muito mal que faça, o certo é que a mortalidade infantil nunca foi tão baixa e a duração média da vida humana aumentou tanto que até põe os mais sérios problemas à Segurança Social...»

Vasco Graça Moura no DN de hoje

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

A remodelação

Acabo agora de saber que houve uma remodelação no Governo, com a saída dos ministros da Saúde e da Cultura.

Aquilo que não percebo é porque é que, oficialmente, estas saídas ocorrem sempre a pedido dos exonerados. Será que se fartaram de estar no Governo? Será que só agora é que se aperceberam que não conseguem ser ministros? Nada disso. Esta justificação mentirosa apenas serve para manter uma coesão artificial num Governo recém-remodelado.

No que respeita à Ministra da Cultura, o seu trabalho foi de tal forma inexistente, que não há qualquer comentário a fazer.

Quanto ao Ministro da Saúde, o seu trabalho foi notado, mas quase sempre pelas piores razões. A gota de água foi mesmo esta última história da péssima articulação dos serviços de emergência médica. Aliás, nunca percebi porque é que Correia de Campos foi ministro, depois de ter feito má figura na altura de Guterres. No entanto, mais vale tarde que nunca, e este ministro não fazfalta ao Governo.

Aquilo que me surpreende nesta remodelação é o facto de Mário Lino não se ter ido embora.

Depois da mudança de local do aeroporto, quando Lino tinha defendido acerrimamente a Ota, o máximo que podiam ter feito era arranjado uma razão pessoal, seja qual fosse, para que ele também fosse remodelado.

PS - Curioso o facto de os dois Ministros remodelados terem alimentado guerras polémicas com funcionários. Correia de Campos demitiu uma directora de um centro de saúde por ela ter proferidoa declarações contra o Governo e Isabel Pires de Lima demitiu a directora do Museu Nacional de Arte Antiga, por divergências políticas...

O Professor Bitaites

É melhor prepararmo-nos. Até 2011 vamos ter à frente da Ordem dos Advogados uma pessoa mais interessada no show off do que na defesa da classe que representa.

As acusações que Marinho Pinto lançou vão ser apenas uma pequena parte das polémicas em que irá envolver a Ordem dos Advogados até ao final do seu mandato.

Ainda por cima, uma pessoa que está à frente de uma Ordem que representa milhares de profissionais não pode dar-se ao luxo de aproveitar o palco que tem para lançar acusações vagas e indeterminadas. Faz lembrar o Octávio Machado, o célebre treinador de futebol, com a não menos célebre frase "Vocês sabem do que eu estou a falar".

Foi exactamente isso que Marinho Pinto fez. Conseguiu tempo de antena na televisão graças ao cargo que ocupa, e foi lá dizer que os políticos são todos uns malandros e uns corruptos. No fundo, deu-se voz ao mais elementar senso comum.

Mas que fique registado que não estou a dizer que as acusações são falsas. A única coisa que acho é que em casos destes, a discrição deve ser a imagem de marca do denunciante. Porque se realmente os políticos forem corruptos, conseguem sempre corromper um bocadinho mais para sair de uma possível situação incómoda.

Aquilo que Marinho Pinto conseguiu com estas acusações foi espantar os peixes que poderiam estar prestes a morder no isco. Lá está, a sua ânsia de protagonismo impediu-o de fazer essas denúncias de forma fundamentada e secreta, perante as instituições competentes. Em vez disso, Marinho Pinto preferiu o sound byte fácil, de 30 e poucos segundos, para mostrar que é ele que sabe aquilo que se passa, embora nunca aponte nomes.

E isto pode virar-se contra ele. Basta que nunca se arranjem as provas necessárias para confirmar estas denúncias, o que não é de todo improvável.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

A lei que tudo perdoa

Este post vem na sequência da notícia que motivou o artigo abaixo. Depois de ouvir as declarações do sr. Pinto de Sousa (brilhante inovação de Alberto João Jardim), chego à conclusão de uma coisa: a lei desculpa tudo.

Praticamente tudo aquilo que se passa em Portugal é feito ao abrigo de uma lei, seja ela nacional ou comunitária. E se as consequências desse acto forem absurdas, ninguém se preocupa nem pára para pensar nisso. Afinal, se esse acto está previsto na lei, pode ser feito, independentemente das consequências ridículas que possa gerar.

Por outro lado, o facto de a lei tudo desculpar é óptimo para um povo com a nossa mentalidade. Com efeito, é hábito dizer-se que em Portugal a culpa morre solteira. E para que isso aconteça, nada melhor do que culpar a lei.

Realmente, não há nada mais fácil. Para não se assumir responsabilidades, o mais fácil é culpar a lei, que não fala nem se pode defender. E a pessoa que deveria ser culpada esfrega as mãos de contente, porque se escapa de grandes embrulhadas, bastando-lhe apenas culpar a lei.

Um dos exemplos mais flagrantes deste uso da lei como escudo protector foi dado pelo sr. Nunes, tanto na entrevista ao Sol, como na audição na Assembleia da República. Bastaram-lhe 5 palavras para lavar as suas mãos e fugir de responsabilidades: "A lei foi feita assim".

E de imediato, todos passam a ver o sr. Nunes como um pobre coitado, preso nas mãos da malandra da lei, que o subjuga e oprime. No entanto, apesar de por vezes não parecer, o sr. Nunes é uma pessoa e, pelo cargo que ocupa, deveria assumir responsabilidades por aquilo que a ASAE faz, em vez de descarregar todas as culpas em cima da lei.

A lei até pode estar mal feita. Mas cabe aos aplicadores da lei dar-lhe um sentido que seja conforme à vida em sociedade.

Comparações...

No passado fim de semana, a ASAE foi comparada à PIDE por um dirigente do PSD. O nosso primeiro ministro saiu imediatamente em defesa do sr. Nunes e da sua instituição.

Mas, a meu ver, fê-lo de uma forma infeliz, porque usou um argumento facilmente reversível. Sócrates disse que a ASAE é um organismo do Estado que apenas se limita a cumprir a lei.

E a PIDE? Não era um organismo do Estado? Não cumpria a lei?

No fundo, Sócrates perdeu uma boa oportunidade para estar calado. No Estado Novo também havia lei. E também havia organismos do Estado que a cumpriam. Pode discutir-se a bondade das leis dessa época, mas o que é certo é que eram leis às quais se subordinavam os organismos do Estado.

Portanto, fiquei sem perceber o ar indignado de Sócrates ao tentar rebater esta comparação.

Será que ele acha que a lei nasceu em Abril de 74?

domingo, 27 de janeiro de 2008

As eleições nos EUA vistas em Portugal

Não sou um entendido no modo de funcionamento do sistema eleitoral dos EUA. Daí a minha relutância em escrever sobre este tema, porque detesto falar de coisas que não percebo.

No entanto, há uma coisa que já percebi: existem dois partidos (Democrata e Republicano), que neste momento elegem nos vários Estados o candidato que irão apresentar às eleições.
Portanto, há aqui uma divisão Esquerda-Direita, e cada partido escolhe os candidatos às eleições, nas "primárias" que agora decorrem.

Outra coisa que também percebi é que Obama e Clinton representam o partido Democrata, que por sua vez representa a Esquerda nos EUA.

E agora uma questão: será que o partido Republicano não apresenta candidatos nestas eleições? Pelo menos em Portugal, é isso que parece, já que todos os noticiários se referem a Obama e a Clinton, mas nunca falam dos candidatos do partido Republicano que, segundo o que sei, também tem uma série de nomes a concorrer nestas primárias.

E qual será o interesse de dar esta visão deturpada das eleições nos EUA? Será que as notícias que nos trazem pretendem influenciar a nossa opinião sobre os candidatos? Duvido que seja isso,porque deve haver poucos portugueses que votem nas eleições dos EUA...

Portanto, manifesto-me aqui contra a parcialidade da comunicação social portuguesa face ao processo eleitoral que decorre nos EUA. É que, caso ainda não tenham percebido, Obama e Clinton não vão concorrer os dois às eleições presidenciais. Representam o mesmo partido. Nas eleições a sério, irá haver um candidato de outro partido que disputará o lugar de Presidente com uma destas pessoas. Um deles, Obama ou Clinton vai ficar de fora.

E quando forem as eleições, em Portugal, nada se saberá acerca do candidato republicano. Será apenas um outsider, desconhecido da opinião pública. E isto porquê? Porque representa a Direita, e nunca interessa a ninguém que a Direita ganhe.

Este é um bom exemplo da esquerdização da sociedade. Espero que haja pessoas que pensem por si próprias, e que reconheçam que as eleições se fazem com dois candidatos, de partidos diferentes, que merecem igual respeito.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Pagos para não fazer nada

Não sei se alguém já reparou, mas o preço do leite tem vindo a aumentar de uma forma assustadora. Julgo que a palavra certa é mesmo "assustadora", visto que o leite é um bem essencial para todos nós.

Este aumento de preço deve-se acima de tudo à acção da União Europeia, que estabelece quotas de produção para o leite, que acabam por levar a que as pessoas deixem de produzir leite, sendo inclusivamente pagos para isso.

Ora, isto é o maior contra senso. Aquilo que a UE diz é "ou produzes a mais e és multado, ou não produzes e nós ainda te pagamos por isso". Temos portanto uma entidade que paga às pessoas para elas não trabalharem. Isto deve ser o sonho de qualquer pessoa...ser pago para não trabalhar.

No entanto, ao reduzir-se a produção, é natural que o preço do leite aumente, visto que este é um bem com uma procura estável, certa e com tendência para aumentar.

Portanto, graças às medidas reguladoras da UE, estamos hoje a pagar mais 15% por um pacote de leite, ao mesmo tempo que há pessoas que querem produzir e que têm capacidade para isso, mas que não o fazem para não exceder quotas de produção determinadas por uma entidade externa.

Ah, e claro, também são pagos para isso...

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Túmulos e memórias

Pessoalmente, odeio vandalismos de qulaquer espécie. Mas gosto ainda menos de vandalismos quando estes se dirigem a cemitérios. Porque os cemitérios são lugares inofensivos, cheios de gente que já morreu, e que nada pode fazer para se defender.

Isto tudo a respeito dos actos de vandalismo em Santa Comba Dão,dirigidos contra o túmulo de Salazar.

Não percebo que mais de 30 anos depois da sua morte, ainda haja gente com paciência de se enfiar num cemitério a meio da noite apenas e só para ir danificar a campa de Salazar.

No entanto, verifico agora que as reacções face a estes actos são muito mais brandas do que quando foram vandalizadas campas num cemitério judaico (acto igualmente condenável). Nessa altura, ouvimos declarações do Alto Comissário para a Integração e Minorias Étnicas, condenando o acto, vimos jornalistas à porta do cemitério a reconstituir as acções, acompanhámos a par e passo os procedimentos de investigação policial até à detenção dos suspeitos...enfim, houve sobre esse caso uma atenção mediática bastante maior do que ocorre agora.

Portanto, resta saber o que é que a sociedade condena. Será o acto de vandalismo de uma campa? Ou será apenas o acto de vandalismo de uma campa num cemitério judaico?

Será que se a campa de Álvaro Cunhal fosse vandalizada, as reacções seriam as mesmas? Certamente que não. A indignação geral seria uma realidade e toda a gente se apressaria a condenar aquele acto.

Serve isto para dizer apenas que nem só os judeus ou os comunistas têm memórias. Não discuto aqui a bondade ou maldade de Salazar, manifesto-me apenas pela preservação da sua memória, que merece respeito.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Acerca do petróleo

Todos nós, de forma directa ou indirecta, temos vindo a sofrer com o aumento do preço do petróleo. No entanto, não interessa aqui fazer uma longa dissertação "al-goriana" acerca da dependência humana do petróleo, concluindo no final que vamos todos derreter e afogar-nos.
Interessa sim, fazer uma análise racional que nos permita distinguir os aumentos inevitáveis da relação entre a procura e a oferta e os aumentos evitáveis, que apenas servem para aumentar os lucros de quem vende esses produtos. Para fazer essa análise, tomarei como ponto de partida um derivado do petróleo: a gasolina.

Nos últimos anos, em consequência do aumento do petróleo (e não só...), a gasolina tem vindo a aumentar progressivamente, fazendo com que as pessoas já achem normal pagar-se quase 1,5€ por 1 litro de gasolina.

No entanto, apercebi-me de uma coisa interessante. As gasolineiras (Galp, Repsol, BP, entre outras) não compram o petróleo ao preço a que nós o vemos nas notícias todos os dias. Com efeito, estas empresas só são afectadas por uma subida do preço do petróleo cerca de 3 meses depois de essa subida efectivamente acontecer.
Isto revela uma falta de seriedade enorme. Basta ver que, assim que o petróleo tem uma subida vertiginosa (como ocorreu há um tempo com a passagem da barreira de 100 dólares por barril), imediatamente sobe o preço da gasolina. E quando digo "imediatamente" refiro-me ao dia imediatamente a seguir.

A desculpa é sempre a mesma: "o petróleo aumentou". Mas o facto é que o petróleo a 100 dólares só irá ter efeitos directos no preço da gasolina cerca de 3 meses depois. E aqui está a falta de seriedade. Se estas empresas querem aumentar os lucros, que os aumentem. Mas quando o fazem, não usem desculpas esfarrapadas. Digam simplesmente que vão aumentar a gasolina para ganharem mais dinheiro.

Outro problema é, a meu ver, a cartelização do mercado dos combustíveis em Portugal. OK, a carga fiscal é altíssima. Mas isso não é justificação para os preços serem exactamente os mesmos em todas as bombas. Por vezes há diferenças de 0,002 cêntimos, o que é irrisório e ridículo. E o facto é que todas as bombas aumentam e diminuem os seus preços ao mesmo tempo, como se estivessem concertadas.
Para mim, isto é cartel puro e duro. E não percebo como é que as famosas entidades reguladoras, tão rápidas a intervir em certos assuntos, ainda não se mexeram para investigar isto.

Porque os prejudicados somos sempre nós, os clientes. Que não temos alternativa. Ou pomos a gasolina ao preço que eles querem ou então lixamo-nos e andamos a pé.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

E agora? Já passou a crise?

Depois da reunião de accionistas na semana passada, há quem já fale de pacificação no BCP.

Isso até pode ser verdade, mas não vejo ninguém a questionar as formas utilizadas para chegar a essa pacificação, quando isso deveria ser feito.

O grande problema em todo este processo tem um nome: Armando Vara. É certo que Santos Ferreira também é PS, mas ao mesmo tempo é uma pessoa com créditos firmados nas várias empresas por onde tem passado.

Agora, Armando Vara tem poucos créditos dados ao longo da sua carreira. Dá a ideia que a maioria das coisas que conseguiu foram obtidas com cunhas e não com méritos. Um pequeno exemplo ilustrativo: em 2005, Armando Vara foi nomeado para o Conselho de Administração da CGD. OK, isto aceita-se, a CGD é do Estado, ele tem boas relações com o 1º Ministro...parece estar tudo bem. De repente, surge um problema: parece que Armando Vara ainda não era licenciado, e para fazer parte do Conselho de Administração da CGD era necessário, no mínimo, uma licenciatura. Resolução do problema: diploma de licenciatura obtido na Universidade Independente.

O mais grave vem depois. Uma semana ou duas depois de se ter licenciado, entra directamente para o Conselho de Administração da CGD. Duvido que em Portugal tenha havido um recém-licenciado a encontrar um primeiro emprego como este.

Julgo que este exemplo mostra bem que por vezes os conhecimentos (vulgas cunhas) se sobrepõem ao mérito pessoal.

E depois de uma história destas, Armando Vara integra agora o Conselho de Administração do BCP. Nada mal, para quem concluiu a licenciatura há 3 anos..

Portanto, com toda esta escuridão à volta de Armando Vara, não me parece que o BCP esteja inteiramente pacificado. Até pode ser que internamente isso aconteça, dado o consenso gerado à volta de Santos Ferreira. No entanto, haverá sempre muitas reticências à volta de Armando Vara, que podem pôr em causa todo o trabalho levado a cabo por esta Administração.

A não perder

É já amanhã que o sr. Nunes vai ser ouvido no Parlamento. Aconselho vivamente o visionamento dessa audição. Afinal, não é todos os dias que podemos ouvir declarações proferidas pelo melhor aplicador da lei em Portugal.

Já agora, até faço aqui uma aposta: durante a audição, a frase que o sr. Nunes mais irá proferir
será "Mas o que é que os senhores deputados querem que eu faça?".

Espero que haja lá alguém que lhe diga o que fazer...

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Separados à nascença?

Num post abaixo, falei do Ministro da Saúde (imagem à direita).
No entanto, fico sempre com a ideia de que ele e o bastonário da Ordem dos Médicos (imagem à esquerda) são uma e a mesma pessoa.
Basta pôr e tirar o bigode.

Porquê o Papa?

Durante o meu período de inactividade, o Papa foi impedido de ir dar uma conferência a uma Universidade em Roma.

O pretexto é, como sempre, a laicidade das instituições e uma negação que a Igreja faz dos progressos científicos. Os contestatários são os mesmos de sempre: extrema esquerda à procura de protagonismo.
Julgo que o Papa fez bem em não ir para não se expor a polémicas. Mas de qualquer forma, é incrível onde a laicidade chega. Ou melhor, a laicidade existe apenas e só contra os católicos.

Será que se lá fosse algum Imã muçulmano as reacções seriam as mesmas? Obviamente que não. Porque hoje em dia as pessoas têm medo dos muçulmanos e tratam-nos com paninhos quentes, não vão eles ficar irritados e pôr uma bomba ou outra por aí.

Será que se lá fosse o Dalai Lama as reacções seriam as mesmas? Claro que não, porque o Dalai Lama é um defensor de isto e daquilo e até ganhou um Nobel da Paz.

Portanto, das duas uma: ou a Igreja transmite uma imagem amorfa, levando a que todos possam fazer pouco dela, ou então existem dois pesos e duas medidas quando falamos de laicidade.

Existe uma espécie de "laicidade selectiva" que apenas discrimina os católicos.

Embora não deseje mal a ninguém, gostava de ver esses laicos empedernidos com uma grave doença, à porta de um Hospital católico. O que prevalecia aí? Os ideais ou a vidinha?

PS - para quem esteja interessado, estão aqui as declarações que o Papa iria fazer nessa Universidade

A (des)Ordem dos Advogados

Não gosto de parecer pretensioso, mas o facto é que eu já tinha alertado aqui para o carácter panfletário e propagandístico do novo bastonário da Ordem dos Advogados.

O pior de tudo é que todos estes defeitos de Marinho Pinto começam a vir ao de cima, alguns meses depois de ter tomado posse. Um dos exemplos foi uma declaração onde ele dizia que a Ordem dos Advogados se iria constituir como assistente nos processos de corrupção, ao abrigo de uma disposição do Código de Processo Penal.
Ou seja, isto significa que a Ordem dos Advogados vai, caso esta medida avance, participar activamente nos processos de corrupção, colaborando com o Ministério Público.

Dito assim, isto até parece bom e razoável. Contudo, quem pagará aos defensores do assistente?
Quem serão esses defensores? Quais serão os seus honorários?

Será que isto é uma forma de favorecer amigalhaços, fazendo com que eles ganhem bom dinheiro a defender a Ordem e o seu bastonário?

Todas estas perguntas numa simples medida que, à partida parece razoável, mas que rapidamente se percebe que de razoável não tem nada, podendo vir até a aumentar os casos de corrupção, estendendo-a ao interior da Ordem dos Advogados.

E quando isso acontecer, eu próprio me constituirei assistente no processo, para pedir justificações ao Hugo Chávez da advocacia...

O Estado da Saúde - Há horas para morrer

Há alguns dias, o Ministro da Saúde fechou as urgências de Anadia, o que despoletou uma revolta da população. Há menos dias ainda, o maior dos azares: uma criança morre à porta desse mesmo hospital, que estava com as urgências encerradas.

Obviamente que a morte, quando tem de acontecer, acontece mesmo e nada há a fazer contra isso. Mas será que a morte daquela criança ocorreria no meio da rua se as urgências estivessem abertas? Julgo que não... Num caso daqueles, a criança e os pais entrariam no hospital e, se nada houvesse a fazer, a criança morreria dentro das paredes do hospital, com privacidade e acompanhada pelos pais.

No entanto, este caso suscita-me alguma perplexidade por duas razões: em primeiro lugar, pelo ar calmo e aparentemente resignado do pai, que falou para a televisão com uma naturalidade tal, que parecia que o filho não tinha morrido, mas sim caído de uma bicicleta, por exemplo. Claro que cada um lida com a morte à sua maneira, mas um ar um bocadinho mais triste não lhe tinha ficado nada mal.

Em segundo lugar, as declarações infelizes do Ministro. Quando questionado da morte da criança, a sua primeira reacção foi um sorriso (!). Será que para ele não há nada melhor do que a morte de uma criança?
Depois, não contente com isso, ainda disse a um jornalista que "se as suas avozinhas e bisavós não tivessem morrido, ainda hoje eram vivas". Aqui, é de louvar o comportamento do jornalista que engoliu aquela provocação em vez de lhe dar com o microfone na cabeça que era o que o Ministro merecia.

Portanto, é este o estado da saúde. Hoje em dia, há horas para morrer num hospital. Além disso, há também um Ministro que em tempos deve ter sido um humorista fracassado. O pior é que todas as suas piadas são secas...

De volta...

Motivos profissionais impediram-me de escrever na passada semana. Volto agora, com energia redobrada, para mais Intromissões.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

And now, for something completely different...

Para os apreciadores de vinho, aqui fica uma sugestão.

A crise no BCP III

O BCP está a ser arrasado na praça pública e não há ninguém que diga nada. Nos últimos dias, em todos os jornais e telejornais ouvimos falar do BCP e da sua crise de liderança.

Um dos principais responsáveis por este arrastamento do banco para a lama é, ironicamente, Joe Berardo. E digo ironicamente porque Berardo, enquanto accionista, deveria querer que as suas acções se valorizassem, para poder ganhar mais uns trocos.
Mas não. Cada vez que ele fala, é sempre para atacar o banco e os seus responsáveis. É um verdadeiro catavento, que está sempre contra tudo e contra todos e que, com declarações de justiceiro, esmaga o banco em cada intervenção pública que faz. Sinceramente, não percebo esta estratégia...

Para além de Berardo, o Estado, ou melhor, o GOVERNO também tem culpas no cartório. Não há ninguém que ache que Armando Vara está na lista de Santos Ferreira por mérito próprio.

Julgo até que, se o Governo não se tivesse metido, Armando Vara nunca teria sido escolhido por nenhuma candidatura independente para integrar o Conselho de Administração do BCP. Pois bem, o problema é que a candidatura de Santos Ferreira e Vara não é independente. É até bem cor-de-rosa...e não é uma homenagem às cores do BCP.

Portanto o Governo, ao intrometer-se nesta escolha privada, conseguiu que se misturasse política com assuntos privados de empresas privadas. E isto contribuiu decisivamente para denegrir a (excelente) imagem que o BCP tinha na opinião pública.

Agora não sei onde é que isto irá parar. Hoje, Santos Ferreira será certamente eleito. Amanhã teremos o Governo a tomar conta do BCP. E depois disso, tudo é incerto...

He's Back

Santana Lopes vai regressar hoje à Sic Notícias, depois da sua saída triunfal há uns meses atrás.

O melhor é precaverem-se e verem primeiro se José Mourinho não vai decidir sair de casa.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Vai ser bonito...

O DN noticia hoje que o CDS vai requerer a audição do sr. Nunes no Parlamento.
Se ele se embrulhou daquela forma com uma jornalista, imagino quando estiver perante uma comissão de deputados a tentar prestar esclarecimentos.
Vai ser bonito, vai...

domingo, 13 de janeiro de 2008

Entrevista ao "Robocop"

Ontem, no Telejornal da SIC, deu-se um daqueles momentos televisivos dignos de figurar nos Tesourinhos Deprimentes do Gato Fedorento.

O momento em causa foi a entrevista do Sr. Nunes. A entrevista foi surreal. Quando questionado acerca do facto de a ASAE estar a receber treinos dos SWAT, viu-se bem que o sr. Nunes, sem um texto previamente elaborado à sua frente, não é ninguém. Acerca desta questão, o sr. Nunes baralhou-se, embrulhou-se e foi arrasado pela jornalista.

No fundo, esta ida ao Telejornal acabou por favorecer todos aqueles que discordam do modus operandi da ASAE. É que nem o próprio chefe da ASAE sabe justificar as medidas que aplica. E isto é mais perigoso do que engraçado.

Isto significa que temos um robô ao serviço da ASAE. O verdadeiro Robocop. Ele não pensa - ele aplica as normas. Aliás, ele nem sabe que normas aplica; basta que lhe ponham à frente um papel com uma lei, que ele sai logo disparado para procurar o primeiro malandro que a desrespeitar, por mais insignificante que ela seja.

Esta foi a parte preocupante da entrevista.

Agora vem a parte engraçada. O sr. Nunes diz que fumou no casino na passagem de ano porque estava na "convicção" de que estava num local para fumadores. E é importante salientar que esta convicção baseava-se no facto de estarem todos a fumar à sua volta.

Para bem do sr. Nunes, e aplicando o mesmo pressuposto, ainda bem que não se estavam todos a injectar com drogas duras, porque senão o sr. Nunes teria prontamente sacado da sua seringa e ter-se-ia injectado, com a "convicção"de que isso era permitido, já que todos à sua volta o faziam.

Realmente é uma boa desculpa, esta da "convicção". Agora já sabemos: quando alguém for apanhado em excesso de velocidade, o melhor é dizer que estávamos na convicção de que o limite de velocidade era de 180 e não de 120 km/h. Pode ser que pegue...

Não percebo como é que dão tanto poder ao sr. Nunes. Ou, melhor ainda, não percebo como é que o sr. Nunes, que é tão dado à repetição maquinal de actos, baseando-se nas suas convicções, ainda não resolveu aplicar o seu poder de forma pedagógica e não intimidatória.

No fundo, é apenas uma questão de convicções...

P.S- Assim que o vídeo estiver disponível, colocarei o respectivo link

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Promessas, promessas...

O Governo consegue quebrar duas promessas eleitorais numa semana. Alguém diz alguma coisa? Não.

E é importante não esquecer que, para além destas duas promessas, já foram quebradas pelo menos mais duas. A primeira era a não subida dos impostos (nota-se..) e a outra era a criação de 150000 postos de trabalho.

Não ponho em causa o facto de as medidas prometidas serem boas ou más. Ponho em causa o facto de se prometer e depois não se cumprir.

Mas com tanta passividade, isto faz lembrar aquele sketch do Gato Fedorento. Ora imaginemos o seguinte diálogo:

- O Governo prometeu?
- Sim
- As promessas são para cumprir?
- São
- Mas o Governo cumpriu?
- Não
- E o que é que lhe acontece?
- Nada

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Restyling

Ficou bem ou nem por isso?

Afinal é no deserto

Hoje é um dia histórico. Depois de meses e meses de estudo e ponderação, ficou decidido que o novo aeroporto de Lisboa se vai situar no deserto. Pelo menos, o sr. Sócrates sempre pode aproveitar para propagandear isto pelo Mundo, já que seremos o único país europeu a ter um aeroporto em pleno deserto.

Mas neste momento, importa saber se o novo aeroporto irá mesmo ficar em Alcochete. Não nos esqueçamos que a Ota também era um dado 100% seguro, e depois foi o que foi.

Pessoalmente, prefiro um aeroporto em Alcochete, embora defenda a manutenção da Portela, como trunfo turístico dada a sua proximidade ao centro de Lisboa. A Ota era uma asneira absoluta, era longe e já havia forte especulação imobiliária nessa zona.

Depois desta reviravolta, importa também falar acerca de Mário Lino, este grande entretainer que o Governo põe ao nosso dispor. Com aquele ar bonacheirão e a sua fala ligeiramente embrulhada, Lino disse com veemência que "jamais (ler jamé)" construiria um aeroporto no deserto que era a Margem Sul. Parece que aquela zona não tinha escolas, hospitais e gente. Para além disso, Lino afirmava ainda que era "mortal" construir um aeroporto num local de rotas migratórias de aves. No entanto, todas a sua autoridade (e a das "sumidades" que citou nessas declarações) foi posta em causa.

Obviamente que esta inversão por parte do Governo o deixa fragilizado aos olhos da opinião pública. No entanto, julgo que Sócrates não o demitirá, pelo menos por enquanto. Afinal, dá sempre jeito ter um "camelo" no Governo que faça as asneiras todas, para que depois o primeiro-ministro as corrija, para demonstrar aos portugueses todo o seu brilhantismo e bom senso.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Democracia "á la Sócrates"

Parece que afinal já não vai haver referendo sobre o Tratado de Lisboa. O nosso primeiro-ministro consegue, desta forma, fugir ao cumprimento de mais uma promessa eleitoral.

Pessoalmente, nem discordo do Tratado de Lisboa, embora ache que não seja bem aquilo de que a Europa precisava neste momento. Mas fico desiludido ao aperceber-me de que os portugueses não vão ser chamados a pronunciar-se sobre um documento que pode vir a ter grandes implicações para nós.

Além disso, a não realização do referendo dá ideia de que o Governo tem medo das respostas dos portugueses. Isso mesmo é confirmado hoje no DN, onde se diz que a própria UE pressionou o Governo português no sentido de ratificar o Tratado na Assembleia, para que não houvesse a hipótese de este Tratado também fracassar.

Um Governo que tem medo do seu próprio povo é um Governo cobarde. Cobarde porque prefere resguardar a aprovação de um documento importante no espaço da Assembleia, sabendo que, dessa forma, a discussão pública e a compreensão do texto serão menores e, sendo assim, a hipótese de haver contestação ao Tratado é reduzida.
Para além de cobarde é mentiroso, porque prometeu uma coisa durante a campanha, mas agora faz precisamente o contrário.

No fundo, tudo se reconduz ao carácter paternalista do Estado, e de Sócrates em particular, tal como já foi referido neste espaço. Sócrates acha que os portugueses são tão burros, mas tão burros que o melhor é mesmo os deputados decidirem por eles. Portanto, até fazem um favor aos portugueses, que assim nem têm de se preocupar com o Tratado e o referendo.

O problema é que há quem se preocupe e quem pense nas coisas. E quando essas pessoas tiverem de ser ouvidas (pelo menos nas eleições), Sócrates vai deixar de ser pai, para passar a ser um daqueles primos afastados, que se sabe que existe mas que nunca se vê.

Petição pelas tradições

Caso a ASAE avance com certas medidas, o leitão da Bairrada terá de ser importado de Espanha.

Vamos, pois, assinar a petição para que isto não vá para a frente.

Petição em: http://www.petitiononline.com/fm12345/petition.html

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

A crise no BCP II

Finalmente, alguém se chegou à frente na corrida à liderança do BCP. Em princípio, a lista de Miguel Cadilhe tem poucas hipóteses contra a lista do Governo, mas de qualquer forma, vale sempre a pena avançar, nem que seja para poder ter tempo de antena para dizer algumas verdades.

O mais chocante de tudo é que já houve muita gente a reclamar uma eventual intervenção do Governo na escolha de Santos Ferreira e o Governo veio sempre negar o que é óbvio.

Será rídiculo se Santos Ferreira ganhar a corrida ao BCP. Caso isso aconteça, quando nos referirmos ao "Banco do Estado", teremos depois de especificar se falamos da Caixa ou do BCP. Isto também é prejudicial para a CGD, que vai ter a concorrência de dois ex-administradores seus, que conhecem bem os pontos fortes e fracos deste banco.

No meio disto tudo, importa perguntar onde está Berardo? Por onde anda esse justiceiro, esse Sá Fernandes do meio bancário? A resposta é simples: está calado e a apoiar Santos Ferreira. Será que este silêncio é alguma contrapartida para a colecção Berardo continuar no CCB?
Se não for isto, terá de ser qualquer coisa parecida. Não acredito que Berardo goste de ver o Estado a tentar monopolizar o sector bancário. Não percebo como é que ele aceita que o Conselho de Administração do BCP contenha dois nomes indicados pelo Governo.

Um desses nomes (Armando Vara) tem escassa experiência em gestão (mas entrou directamente para o CA da Caixa...), pode ser considerado um recém-licenciado e já esteve metido em diversas embrulhadas com Fundações, entre outras (uma delas,que mete o Tribunal de Contas à mistura, foi recentemente publicada n' O Povo. Quanto a Santos Ferreira, pode ter um currículo muito bom, mas nada lhe vai valer, porque será sempre visto como o mandatário do Governo no BCP.

Espero que os accionistas ponderem bem se pretendem ou não que o Governo interfira no BCP. Se escolherem a lista de Santos Ferreira, há que dar os parabéns ao Governo, que ganha um banco sem uma OPA e sem gastar um cêntimo...

Oprah isto

Os EUA vivem um estado de euforia pré-eleitoral. Nas próximas semanas vai decidir-se quem será candidato à Casa Branca. Para reduzir a escolha, realizam-se eleições primárias em cada estado.

As primárias realizadas até agora mostraram a queda de Clinton, que estava bastante bem posicionada nas sondagens.
No entanto, esta queda não é tão surpreendente quanto isso. Basta ver que o principal adversário de Clinton tem do seu lado uma das pessoas mais influentes dos EUA: Oprah Winfrey. Este apoio tem garantido a Obama milhares, ou mesmo milhões de votos.

Não deixa de ser irónico que a escolha do presidente da nação mais poderosa do Mundo esteja a ser influenciada por uma simples apresentadora de televisão. Seria o mesmo que a "nossa" Fátima Lopes fizesse campanha por Sócrates nas próximas legislativas.
Contudo, o poder de Oprah não tem qualquer comparação com qualquer Fátima Lopes. É importante lembrar que Oprah conseguiu que o livro "Guerra e Paz", de Tolstoi, fosse o mais vendido nos EUA durante várias semanas de 2005. E isto pelo simples facto de ela o ter recomendado no clube de leitura do seu talk-show.

Claro que Obama agradece (e muito o apoio de Oprah). No entanto, se fosse a ele, ficaria preocupado porque o protagonismo dela está a ofuscar os temas essenciais da campanha de Obama. Daquilo que vi até agora, penso que o discurso de Obama é um pouco vago e utópico. Faz sempre questão de definir grandes objectivos comuns, tentando agradar a todos, que o fazem parecer com aquelas pessoas que, no Ano Novo são questionadas com os desejos para esse ano e dizem sempre: "-Paz..!".

Mas com Oprah ao seu lado, Obama quase que poderia negar o Holocausto, que mesmo assim ganharia as eleições.

Quanto a Hillary Clinton, penso que colocou expectativas demasiado altas para si própria. Claro que tem a vantagem de ser mulher, o que atrai logo bastantes votos, mas parece-me ser uma pessoa muito "plástica" que, por ter estado na Casa Branca como Primeira-Dama, acha que tem logo o direito de voltar para lá enquanto Presidente.

Do outro lado da barricada, surpreendeu-me bastante a derrota de Giuliani. No entanto, penso que Romney e McCain constituem alternativas credíveis, embora não tão fortes como Giuliani.

Mas, como diz o ditado, a procissão ainda vai no adro. Resta esperar para ver...

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

A acção do descontentamento

Hoje mesmo, houve um grupo de empresários da restauração que decidiu propor uma acção contra a ASAE.

Em primeiro lugar, é importante dizer que um gesto destes é raro. Um grupo de pessoas juntar-se e processar um orgão de polícia criminal não é uma coisa que aconteça todos os dias. Até porque habitualmente, os orgãos de polícia criminal não se intrometem na vida privada dos cidadãos.

E esse é o grande pecado da ASAE. Se há coisa que os portugueses detestam é que alguém se meta na vida deles (pelo menos, falo por mim...). Muito menos que haja alguma entidade que se meta com o seu negócio de uma vida, tentando impor regras de Bruxelas a um restaurante seja onde for.

E a ASAE intromete-se, da forma mais grosseira, na vida dos comerciantes, que se estão borrifando para as facas azuis ou encarnadas, para a colher de pau ou de alumínio e para os métodos europeus de higienização de espaços. Para além disso, intrometem-se também na vida dos consumidores, que também se estão borrifando se o papel das castanhas é o papel homologado pela UE, se as bolas de berlim circulam em ambiente refrigerado e se o fiambre tem uma etiqueta com a hora de corte e respectivo prazo.

Daí o descontentamento, daí o ódio, daí esta acção, proposta em Lisboa.

Para além disso, importa ainda salientar que os autores desta acção pediram para manter o anonimato. Certamente sabem que a ASAE é uma entidade poderosa e também vingativa, portanto preferem jogar pelo seguro.

Senão amanhã, lá teriam o sr. Nunes no seu restaurante, de bloco-notas na mão, pronto para lhes fechar a loja.

No "estrito cumprimento das leis e dos regulamentos", como é óbvio...

A SIC diz que foi convidado

O sr. Nunes foi convidado pelo Casino, a crer na informação dada pela SIC.

Informação que junta ainda declarações do próprio sr. Nunes, confirmando o convite, embora diga que não sabe quem lhe pagou o bilhete.

Para ver, basta seguir o link: http://videos.sapo.pt/ap6dwHRzz5GN4TfytWFt

Caso não seja possível visualizar através do link, basta ir a http://videos.sapo.pt , e pesquisar "dúvidas na nova lei do tabaco" (com aspas e tudo). Depois surgirá o vídeo a que me refiro.

PS - Ver com atenção a partir dos 2 minutos e 30 segundos

domingo, 6 de janeiro de 2008

Fartos

De há uns tempos para cá, sobretudo com este Governo, o povo português tem sofrido cada vez mais restrições à liberdade individual.

O Governo começou por perseguir o sector dos serviços, impondo-lhes normas absurdas. Como se isto não fosse suficiente, criou-se encapotadamente o crime de delito de opinião, punindo a torto e a direito quem criticasse o Governo. Por fim, criou uma lei que faz dos não fumadores uns queixinhas, restringindo a liberdade de quem fuma.

É preciso alguém dizer que já chega.

Basta de perseguições, queixas, intrigas e restrições.

Mas para isso, é preciso que alguém se chegue à frente. Alguém tem de se mostrar descontente, para que o Governo perceba que esta não é a maneira correcta de agir.

Em várias alturas da História tentaram dominar os portugueses. Por vezes, conseguiram-no, mas acabaram sempre por ser postos fora. O mais estranho é que nunca houve um português que subjugasse o seu próprio povo de tal maneira, como acontece agora.

Por isso, estamos fartos.

Fartos destes incompetentes que nos dirigem e que escolhem um caminho que não é o nosso. Fartos da sua prepotência e da arrogância com que nos tratam. Fartos que nos tomem por parvos que não sabem tomar decisões sozinhos. Fartos destas leis ridículas que estes palermas, pagos por nós, se divertem a criar. Fartos que os mesmos palermas estejam acima das leis que criam. Fartos que eles ainda não estejam fartos de nós e decidam sair pelo seu próprio pé.

Enfim, estamos fartos que nos lixem a vida.

Vamos pois, unir-nos e chateá-los de tal forma, que sejam eles a fartar-se de nós, para que saiam o mais rápido possível.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Foi Convidado

O Povo já tinha alertado para o facto de se saber se o sr. Nunes tinha sido convidade pelo Casino ou se tinha pago o jantar de passagem de ano.

Pois bem, soube há pouco que o sr. Nunes, o homem forte da ASAE, foi mesmo convidado pela Administração do Casino. E o mais extraordinário é que ele admitiu isto sem qualquer espécie de problema.

Ou seja, para o sr. Nunes, que manda inspeccionar restaurantes, é perfeitamente normal que os donos de um local que ele inspecciona regularmente lhe façam um convite para um jantar de fim de ano, poupando-lhe 500 Euros.

Mas também, sendo ele o Presidente de umaentidade como a ASAE, não se lhe podia pedir uma grande clarividência de espírito. O que é certo é que a promiscuidade existe, foi comprovada pelo próprio sr. Nunes e agora tem de ser analisada.

Espero é que alguém se mexa para averiguar isto.

Porque senão, também seria PERFEITAMENTE normal que o sr. Pinto da Costa recebesse árbitros em sua casa que, por curiosidade, iriam arbitrar os próximos jogos do Porto.

O critério está há muito definido. Resta ver quem tem coragem para o aplicar...

Pão e Cerveja

Entrámos num novo ano, e imediatamente se começou a falar em subidas de preços. Uma das subidas mais notórias e, porventura, mais graves vai ser a dos cereais.

Com esta febre ambientalista, que condena tudo aquilo que provenha do petróleo, descobriram-se os biocombustíveis. Esta descoberta é louvável, mas tem um grande problema: o biocombustível provém dos cereais.

Portanto, quando se pretende fazer mais biocombustível, é necessário consumir mais cereais, o que faz com que os cereais subam de preço. Portanto, para esses ambientalistas, é proibido morrer de doenças respiratórias ou afogados no degelo que eles prevêem, mas já é permitido que se morra à fome, dada a subida do preço dos cereais.

Obviamente que temos de encontrar alternativas ao petróleo. Mas não podemos encontrar essas alternativas no sector mais básico da alimentação humana que são os cereais.
A cevada é um dos cereais utilizados na produção de biocombustíveis e, em simultâneo, serve também, entre outras coisas, para produzir cerveja. Não sou nenhum alcoólico, mas como gosto de beber uma cerveja de vez em quando, custa-me pensar que o preço da cevada já subiu 50% desde há um ano devido à sua utilização no fabrico de biocombustíveis, o que faz com que o preço da cerveja vá subir, inevitavelmente. É lógico que a cerveja não é um bem indispensável à sobrevivência, mas basta substituir "cevada" por "trigo" e "cerveja" por "pão", para ver que afinal, o problema pode ser realmente grave.

Só não percebo porque é que não se tenta utilizar a energia nuclear para combater a dependência do petróleo. Julgo que temos o desenvolvimento técnico necessário para conseguir fazer isso.
E assim, pelo menos, a cerveja continuava barata e o pão mantinha-se ao alcance de todos...

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Afinal ele também infringe a lei

É como pregava Frei Tomás: faz o que ele diz, não faças o que ele faz






O que queremos que ele faça

Na tão falada entrevista com o Inspector Geral da ASAE, há uma frase que é proferida inúmeras vezes. A frase em questão é “O que querem que eu faça?”. Raras são as questões em que o sr. Nunes não recorre a este chavão.

E isto é tipicamente português. Como é possível que um inspector geral, à frente de uma organização destas, não assuma a responsabilidade pelas leis que aplica? Será que neste caso, a culpa também deve morrer solteira, não havendo ninguém que se responsabilize pelas medidas tomadas?

Para além disto, esta frase faz com que o inspector pareça parvo. Dá a entender que o sr. Nunes não passa de uma marioneta nas cruéis mãos dos malandros dos legisladores. Ou pior, acaba mesmo por mostrar que os elementos da ASAE são como os burros, que têm aquelas palas ao lado dos olhos: só vêem aquilo que lhes é dado a ver.

Pois bem, sr. Nunes, para nunca mais usar esta desculpa esfarrapada, aqui está uma pequena lista aquilo que nós queremos que vocês façam: não apliquem leis estúpidas e com falta de bom senso, usem a vossa autoridade para alertar e ensinar e não para punir a torto e a direito, inspeccionem os locais com razoabilidade e enquadrem cada estabelecimento no seu contexto local e social; enquanto autoridade com conhecimentos técnicos, apelem junto dos legisladores para que criem leis exequíveis e, por fim, e porque me diz directamente respeito, mantenham os vossos funcionários a trabalhar e não a inspeccionar blogues.

Agora não há mais desculpas sr. Nunes... Parece que alguém já lhe disse o que deve fazer.

Laicidade a todo o custo

Ouvi hoje de manhã que o Ministério da Educação de prepara para alterar o nome de todas as escolas que incluam “Santo” ou “Santa” no seu nome. Tudo isto em prol da laicidade do Estado e da não discriminação das outras religiões.

A meu ver, isto é absolutamente ridículo. Imagino que o liceu de São João do Estoril passará a chamar-se Liceu do João do Estoril, o que é simplesmente grotesco.
Medidas como esta fazem lembrar o estalinismo, onde se apagava a história, retirando os factos que não convinham ao regime Hoje em dia, pelos vistos, o Governo quer apagar a influência reconhecida da Igreja Católica em Portugal. Infelizmente para ele, as medidas que escolhe tomar são sempre tão ridículas que não há ninguém que os leve a sério.

O facto de haver Santos e Santas que dão o seu nome a escolas não é uma questão de privilégio da religião católica face a outras religiões. Se os Muçulmanos tivessem conseguido dominar o nosso país e tivessem tido a mesma influência do que a Igreja Católica, não me chocava que houvesse escolas com o nome dos profetas do Corão. É tudo uma questão de influência histórica e social.

No entanto, este Governo, com as suas tentativas de uniformizar tudo e mais alguma coisa, vem negar essa influência. E acaba por ser absurdo nas suas tentativas, porque ninguém acha que, por haver uma escola com um nome de um Santo, isso signifique que vivemos num Estado oficialmente católico.

Perante medidas como esta, justificava-se a existência, em Portugal de uma manifestação de católicos idêntica à que houve em Espanha, com milhões de pessoas nas ruas. Os católicos não podem deixar-se espezinhar face a medidas como esta. É necessário e urgente que se manifestem, para que a herança católica que distingue Portugal não seja esquecida graças às leis deste Estado socialista autoritário.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Um mau presságio para 2008

Entrámos hoje mesmo num novo ano. O ano de 2007 ficou para trás, e inicia-se agora um ano muito importante do ponto de vista nacional e internacional.



No entanto, tal como diz a música do post abaixo, "nothing changes on New Year's day". Portanto, seria ingénuo da minha parte pensar que vamos ter mudanças significativas neste ano que agora se inicia.



Durante este ano, vamos continuar a ser governados por um grupo de pessoas incompetentes, que pouco fazem para resolver os problemas do País, e que continuam a acreditar que o marketing e a propaganda conseguem disfarçar as asneiras que cometem com regularidade.



E a prova disso é dada logo no primeiro dia do ano. Hoje mesmo entrou em vigor uma lei absurda, que mostra bem como o Governo sacrifica a racionalidade e o bom senso apenas por uma questão de teimosia. Esta lei do tabaco é errada, e pretende impor ainda mais dificuldades a quem tem um negócio no ramo da restauração.
É inadmissível que seja o Governo a decidir se um dono de um restaurante quer ou não admitir fumadores no seu espaço. É uma violação grosseira da autonomia privada, por este Estado que se intromete em tudo.

Mas o mais engraçado é o destaque que a Comunicação Social dá a este assunto. Nos últimos dias, assistimos a uma espécie de contagem decrescente para a entrada em vigor desta lei. Na minha opinião, a forma escolhida para chamar a atenção sobre a lei do tabaco só vem provar quão ridícula ela é.

Com inícios de ano tão desastrosos como este, o restante ano de 2008 tem poucos motivos para restaurar o tal optimismo de que tanto se fala. A não ser, claro, que se faça uma lei para resolver isso, obrigando todas as pessoas a serem optimistas e confiantes quando têm poucas razões para tal.

U2 New Year's Day

A Nova Cruzada da ASAE

Correndo o risco de me tornar repetitivo, volto a abordar o tema da ASAE. E isto porque o sr. Nunes, presidente daquela nobre instituição, teve mais uma brilhante intervenção pública, em declarações ao Sol.

Já toda a gente sabe que a ASAE é uma entidade de carácter persecutório e até inquisitório, mas o sr. Nunes fez mais, muito mais: ameaçou o sector da restauração, dizendo que é provavel que mais de metade dos restaurantes em Portugal venha a fechar.
E isto porquê? Porque os senhores de Bruxelas (pessoas tão ou mais iluminadas do que o sr. Nunes) decidiram criar novas leis, impondo novos deveres ao sector da restauração.

Embora não pertença a este sector, parece-me que hoje em dia, ter um restaurante é uma aventura digna de filme, porque não há mês em que não saia uma nova Directiva ou Regulamento que imponha mais um dever a quem tenha um restaurante, o que implica mudanças constantes, que tornam impossível a manutenção da identidade de um espaço.
Com efeito, é impossível manter uma qualidade constante quando se tem de estar em permanente adaptação a novas regras que saem a cada minuto. E é isto que me preocupa. A ASAE está a destruir progressivamente a identidade dos espaços comerciais, graças às regras imbecis da UE, que tentam impor um padrão a todo e qualquer restaurante.

Daqui a uns anos, ir ao Gambrinus ou a uma tasca vai ser exactamente a mesma coisa. Ou melhor, não vai ser a mesma coisa, porque daqui a uns anos, já não vai haver tascas, porque o cumprimento de certas regras vai ser de tal modo difícil que os donos de tascas vão preferir fechar a loja e ir para casa.
Já se percebeu que é impossível pôr as pessoas da ASAE a pensar um pouco na razoabilidade e na exequibilidade das medidas que impõem.

Só espero que daqui a uns anos, o sr. Nunes tenha uma vontade desgraçada de beber uma ginjinha ou comer uma bola de berlim na praia e se aperceba de que não o pode fazer, graças às regras que impôs cegamente.
Aí sim, irá provar o seu próprio veneno...