segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Pausa

Com o aproximar da época de exames, irei fazer uma pausa aqui no blog. Este será, provavelmente, o último post de 2008.

Bom Natal a todos e até ao próximo ano.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

A revitalização pelo Estatuto

O Estatuto dos Açores vai, ao que tudo indica, ser hoje confirmado na Assembleia, com maioria de dois terços dos votos.

O dia de hoje marcará, portanto, o final oficial da cooperação estratégica do eixo Belém-São Bento, e tornará o ano de 2009 ainda mais difícil para Sócrates. A afronta explícita aos poderes do Presidente da República, feita pelo Estatuto, irá colocar Cavaco e Sócrates num clima de guerra aberta sem fim à vista.

Isto pode ser bastante prejudicial para Sócrates. Ao afrontar o Presidente, perde um importante aliado no cenário da política portuguesa e, acima de tudo, perde o silêncio do Presidente, que tão útil lhe tinha sido na adopção de medidas polémicas. É certo que, a partir de agora, também não podemos esperar que seja Cavaco a exercer oposição contra Sócrates.

Essa tarefa cabe, primacialmente, ao PSD, e é necessário que Manuela Ferreira Leite saiba aproveitar bem este momento. O PSD, a partir de agora, tem mais condições para fazer oposição a Sócrates, porque deixa de sofrer do constrangimento de, ao criticar Sócrates, atingir indirectamente o Presidente, que apoiava muitas das medidas do Governo socialista.

No entanto, julgo que o PSD terá de mudar bastante para poder aproveitar esta oportunidade. A ideia de desorganização e desgoverno interno ainda circula na sociedade portuguesa, tantas foram as mudanças na liderança nos últimos anos. E, se é certo que o PSD não precisa, neste momento, de um novo líder, é também óbvio que esta liderança precisa de agilizar processos e de uma boa dose de marketing político para conseguir revitalizar a sua forma de fazer oposição.

A oportunidade é única e, para o PSD, talvez até seja bom que o Estatuto dos Açores seja hoje confirmado na Assembleia. Mas é necessário que o PSD, de ora em diante, se comporte como uma verdadeira alternativa de poder, e não como uma manta de retalhos, que caminha sem direcção definida.

O ano de 2009 está á porta, e o PSD tem oportunidade de fazer estragos na maioria absoluta do PS.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

O CDS e Paulo Portas

O CDS, pretensa terceira força política portuguesa, está a encolher. Esta semana, e pela segunda vez num curto espaço de tempo, inúmeros militantes entregaram o seu cartão e abandonaram o partido, como forma de protesto para com a gestão de Paulo Portas.

A meu ver, o grande erro de Portas foi o elevado grau pessoal que ele imprimiu ao partido. O CDS passou a ser PP, mas não por ser Partido Popular. Passou a ser PP porque Paulo Portas monopolizou o partido de tal forma que, neste momento, o CDS não existe sem Paulo Portas, nem Portas existe politicamente sem o "seu" CDS.

Obviamente que um líder, quando está à frente de um partido, tem sempre tendência a moldá-lo de acordo com o seu gosto. Mas no caso de Portas, ele não moldou o CDS a seu gosto; ele erigiu um novo CDS à volta da sua pessoa. E isso fez com que o CDS "do antigamente" perdesse a sua identidade básica e alguns dos seus princípios essenciais, para se tornar na projecção institucional da figura do seu líder.

Mas também é certo que Portas tem muito mérito. Graças a ele, o CDS foi um partido de Governo, coisa que parece pouco provável num futuro próximo. Se Durão Barroso não se tivesse ido embora, quem sabe onde poderia estar neste momento o CDS? Seria certamente a terceira força política, e teria margem de manobra para condicionar uma governação, quer do PS, quer do PSD.

O grande problema é que Portas não vive sem o CDS, e o CDS não vive sem Portas. O grau de envolvimento entre Portas e o CDS é tal, que já não passam um sem o outro (veja-se como o vício de falta de poder afectou Portas enquanto Ribeiro e Castro foi líder). E isto é que complica tudo, quer ao CDS, quer a Portas.

O CDS está numa posição delicada porque, ainda que houvesse outro líder, a sombra de Portas pairaria sempre, tal como ocorreu com Ribeiro e Castro. Nenhum líder, além do actual, estará seguro no CDS enquanto Portas "andar por aí". Portas conseguiu "secar" o CDS, de forma a que não seja concebível este partido sem Portas na liderança.
E isto é perigoso para o CDS, que se vê dividido entre um líder razoável, mas que dificilmente brilhará nas eleições, ou um abismo gigantesco, por falta de alternativas viáveis.

A excessiva pessoalização do CDS também pode sair cara a Portas. E estas desfiliações, apesar de poucas, deveriam chamar-lhe a atenção para isso. Portas, ao aplicar a lei do "quero, posso e mando" dentro do seu partido, arrisca-se a criar divisões onde elas não deveriam existir. E, como é lógico, uma divisão pequena num partido pequeno como o CDS tem muito mais impacto nos votos do que uma divisão pequena num partido grande, como o PSD ou o PS.
Num partido grande, se saem 100 militantes é relativamente indiferente. Num partido pequeno, é a união que faz a força, e todos os votos, militantes e influências podem ser decisivos numas eleições.

Era bom que Portas reflectisse um pouco, e que cedesse na sua lógica centralizadora do partido. Assim, evitar-se-iam divisões e saídas desnecessárias, não haveria má publicidade para o partido, e não se correria o (sério) risco de ver o CDS ser ultrapassado pelo Bloco de Esquerda nas várias eleições do próximo ano.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Faltas de presença

No meio da falta de imaginação da semana passada, acabei por me esquecer de abordar a questão das faltas dos deputados.

Sem prejuízo de já ir um pouco fora de tempo, julgo que há vários aspectos que merecem ser focados.

Em primeiro lugar, a falta de profissionalismo dos faltosos. É verdadeiramente indecente que uma pessoa, eleita para um lugar num órgão de soberania representativo de toda a população, falte sem dar qualquer justificação ou, pior ainda, assine o livro de ponto e saia posteriormente. Gestos desta natureza não abonam a favor da classe política que, segundo muitos estudos, é das que têm pior conotação dentro da sociedade portuguesa.
Um profissional, independentemente da sua remuneração (mas tendo sempre em conta que os deputados não ganham nada mal..), tem de ter brio naquilo que faz. Não é uma questão de amor à camisola, como se costuma dizer. É uma questão de mero respeito para com o cargo que exerce e o lugar que ocupa. Pode até nem gostar de fazer o seu trabalho, ou estar ali contrariado, mas tem de ter sempre a noção de que tudo aquilo que fizer enquanto desempenhar aquele cargo tem de ser feito com profissionalismo e dedicação.

Depois, é de destacar ainda a falta de coordenação do grupo parlamentar do PSD. Numa votação onde podiam ter colocado o PS numa posição difícil, o PSD não teve a força necessária para afastar dos seus deputados a tentação de partir mais cedo para um fim de semana prolongado. Esta falta de capacidade de mobilização, além de deixar ver a falta de profissionalismo que realcei acima, transparece ainda uma grave crise de militância, já que houve 30 pessoas que não trocaram um fim de semana prolongado pela defesa de uma causa relacionada com o partido que representam.

Por fim, falta destacar a leveza com que o assunto foi encarado. E a personificação dessa leveza (apesar de fisicamente não o parecer...) é Guilherme Silva, deputado do PSD, que defendeu o fim dos plenários à sexta-feira. Não sei se ele esteve presente nessa votação, ou se deu uma desculpa esfarrapada para faltar, mas o simples facto de ter feito esta sugestão demonstra bem o grau de profissionalismo que reina entre os nossos deputados.
Nesta sugestão, Guilherme Silva apostou na velha táctica do "se não podes vencer, junta-te a eles". Os deputados faltam à sexta-feira? Pois bem, crie-se uma lei que os desobrigue de comparecer na AR à sexta-feita. O número de roubos tem aumentado? Nada mais simples...crie-se uma lei que descriminalize o roubo, e esses números baixarão num instante.

Enfim, são gestos destes que acentuam bem o descrédito existente para com os políticos. Talvez fosse melhor acabar com eles. Assim, acabava-se também o descrédito...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Branca

Peço desculpa aos leitores, mas estou sem imaginação esta semana.

Para a semana tento novamente...

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Começou a guerra

O PS deu uma argolada de todo o tamanho ao não ter alterado o Estatuto dos Açores. Em primeiro lugar, comprou uma guerra com quem menos lhe interessava (já lhe bastam os professores, os alunos e sabe-se lá que mais...). Depois, fez birra numa questão menor e que, directamente, pouco lhe dizia respeito.

Com tudo isto, o PS (e o Governo) perdeu o maior aliado não governamental que tinha neste momento. Cavaco, até aqui, tinha sido um Presidente contido nas suas declarações, rápido a elogiar e discreto nas críticas que fazia. E isto é facilmente comprovável: basta falar no suspense gerado pela declaração que Cavaco fez em Julho para ver quão discreto tinha sido Cavaco até então acerca dos Açores.

A partir daqui, nada será como dantes.

Acredito plenamente que Cavaco não desate a criticar Sócrates e o Governo publicamente, mas estou certo que, em privado, a tal cooperação estratégica não vai ter nem cooperação nem estratégia comum, e que vai ser cada um por si.

Claro que os poderes presidenciais são de tal forma escassos que Cavaco não vai poder fazer mais do que vetar umas quantas leis para poder ir dando umas alfinetadas a Sócrates.

Mas, de qualquer forma, será mais um inimigo ganho pelo Governo, e que nada o ajudará numa altura em que as eleições estão próximas.

Dualidade de critérios

Há uma coisa que me tem intrigado nos últimos tempos, e que não tem nada que ver com política, economia ou qualquer outro assunto da actualidade.

Falo das famosas séries da televisão norte-americana. Neste momento, além de Dr.House, sigo também a nova série de 30 Rock (muito bom, mesmo antes dos Emmy) e ainda "Samantha Who?". No fundo, são séries leves, com bastante sentido de humor, e que permitem descontrair no final da semana.

No entanto, apesar de serem leves e humorísticas, há um aspecto que me deixa perplexo.

Nestas séries que acompanho (e em muitas outras de que já ouvi falar), os personagens têm o hábito de sair do trabalho e ir, como se costuma dizer, "beber um copo". Ora, até aqui, nada de mal. Mas depois, chegam a casa e o que fazem? O jantar, cuja confecção é acompanhada por um copo de vinho. Depois do jantar, quais são os planos? Sair para um bar e ficar na farra até às tantas, com a respectiva dose de bebidas à mistura.

Apesar de não ser um fundamentalista abstémio (e de nem sequer ser abstémio...) faz-me uma certa confusão que se faça uma tal apologia do alcool em séries que, para os padrões rígidos dos EUA, estão classificadas para maiores de 12 anos. Qualquer pessoa que veja isto acha perfeitamente natural que se beba todas as noites, que se saia todas as noites e que um dia de trabalho não esteja completo sem uma ida ao tal bar com os amigos.

Mas mais confusão me faz que, nas mesmas séries onde se incentiva ao consumo do alcool, seja um crime de lesa-pátria um personagem acender um cigarro. Ou melhor, um dos personagens até poderá eventualmente acender um cigarro mas é quase certo que esse será o mau da fita.

Impressiona-me sobretudo a dualidade de critérios. Num caso, promove-se o consumo regular de alcool. Quanto aos cigarros, só se acendem para criticar as personagens que o fazem.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Já que simplificam o divórcio

Com esta nova lei do divórcio, que tudo simplifica e tudo desburocratiza (incluindo os anos de vida em comum e respectivos filhos que daí provêm), venho prestar um enorme serviço (quase serviço público) para as pessoas que não sabem o que hão de dar a amigos ou familiares que estejam para casar.

A minha sugestão é a seguinte:

Exactamente. Um bloco-notas. E para quê?

É muito simples. Com todas estas novas regras de compensação de créditos entre cônjuges, o melhor é mesmo ter um bloco-notas à mão para ir apontando as contribuições financeiras de cada um para aquela família que, mais tarde ou mais cedo (e pela lógica socialista) irá sucumbir ao divórcio e ficar irremediavelmente separada.

Portanto, aqui fica a sugestão. É barato, simples e dá jeito. Mais dia menos dia, ainda vamos ver o nosso "Primeiro" a distribuir kits de blocos-notas nas Conservatórias e Igrejas aos recém-casados.