quinta-feira, 29 de novembro de 2007

A Greve de Amanhã

As Greves não me agradam. Assim como os trabalhadores se sentem injustiçados com os patrões, os utentes também se sentem injustiçados com os trabalhadores grevistas. Basta ver aqueles directos improvisados em paragens de autocarro, logo de manhã, para perceber que essas pessoas, que vão perder muitas mais horas em deslocações, não acham piada nenhuma à greve.
Por outro lado, os grevistas têm sempre por hábito realizar uma marcha que, invariavelmente, sobe a Avenida da Liberdade (pois claro...), passa pelo Marquês e desemboca em São Bento. E fazem esta marcha sempre ao fim da tarde, em plena hora de ponta. Portanto, para provar que não sou o único a quem as greves não agradam, talvez fosse boa ideia perguntar aos automobilistas que se dirigem a essa hora para casa e se deparam com o trânsito cortado, se concordam com a greve.
Ou melhor, se concordam com a greve feita daquela maneira.
Porque para os sindicatos, a ideia de greve mistura-se com a ideia de dificultar a vida aos utentes dos serviços paralisados. Talvez porque seja esta a única maneira de chamar a atenção para a causa que defendem. O curioso disto tudo é que o tiro sai-lhes pela culatra. Com efeito, a atenção que os media dão a uma greve não se concentra nas reivindicações dos trabalhadores, mas sim nos transtornos causados aos utentes.
No fundo, o circo que os trabalhadores criam à volta das suas greves faz com que as suas reivindicações não sejam ouvidas. Mas não foram essas reivindicações que os fizeram partir para a greve?

O novo aeroporto

Parece que Lisboa vai ter um novo aeroporto. E digo "parece" porque, com estudos para aqui e novas soluções acolá, só iremos ter um novo aeroporto quando a Portela, que precisa de mais espaço, já ocupar toda a área oriental de Lisboa.
Um dos grandes problemas dos Governos portugueses situa-se na capacidade de decisão. Sobretudo de decisões importantes. Os Governos, antes de tomarem qualquer decisão importante, reflectem tanto, e durante tanto tempo, que as decisões por vezes passam de importantes a irrelevantes.
E este imbróglio do novo aeroporto não é excepção. Fala-se na Ota, em Alcochete e, hoje mesmo, ainda alguém sugeriu o Pinhal Novo. Portanto, o que interessa é ir arranjando várias alternativas, e depois, logo se decidirá qualquer coisa.
Para mim, que não sou um utente regular do aeroporto, ele está muito bem ali na Portela. É perto e está dentro da cidade. Além disso, imaginem o que seria para um turista que apanhasse um táxi na Ota para vir até ao centro de Lisboa...provavelmente, o taxista levava-o num passeio turístico pelo Centro do País até o deixar no Centro de Lisboa.
No entanto, se a mudança é mesmo uma inevitabilidade, a minha preferência vai claramente para Alcochete. Acaba por ser o "longe mais perto" que temos e, segundo os especialistas, saía muito mais barato.
Mas a ver vamos, como dizia o ceguinho...parece-me que, para se construir um aeroporto em Alcochete, é preciso falar com uma data de pássaros, para ver se eles não se importam. Portanto, se o nosso Governo é composto por homens e demora anos a tomar uma decisão, lá para 2100 teremos uma decisão dos pássaros...

Ainda a Lei do Tabaco

Por favor, não pensem que estou obececado com esta lei, mas a propósito dela surgiu-me outra reflexão/intromissão.
Há alguns meses, dizia-se que o Governo tinha recuado nas intenções de proibir de forma definitiva o fumo nos restaurantes. Dizia-se então que, em Janeiro de 2008, os proprietários desses espaços iriam poder escolher se queriam um estabelecimento de fumadores ou não fumadores.
No entanto, parece que não é bem assim. Os proprietários podem escolher mas,se optam por admitir fumadores, têm de instalar sistemas de ventilação altamente dispendiosos para purificar o ar. No fundo, o Governo acaba por proibir definitivamente o fumo nesses estabelecimentos de uma forma indirecta.
E isto é inacreditável. Pensemos no caso de um proprietário de um restaurante: a partir de Janeiro de 2008, ou instala o tal purificador de ar (que para além de caro, pode implicar o encerramento do estabelecimento durante a instalação), ou então está condenado a admitir apenas clientes não fumadores no seu estabelecimento.
Isto é uma intromissão, não minha, mas do Governo na esfera privada dos proprietários de restaurantes e afins. É impensável que, por via desta lei, o Governo imponha que os proprietários de estabelecimentos de restauração só possam admitir clientes não fumadores nos seus espaços. Portanto, se eu tiver um restaurante, só posso lá admitir os clientes que correspondam ao padrão da lei que o Senhor (?) Engº (???) Sócrates estabelece.
Já dizia o anúncio: Há coisas fantásticas, não há?

A Nova Lei do Tabaco

Em Janeiro de 2008 iremos ter uma nova lei do tabaco, e aviso desde já que não sou fumador. Há uns dias, li num jornal (Metro ou Destak..) que a Direcção-Geral de Saúde (DGS) se prepara para distribuir aos portugueses um pequeno folheto com recomendações acerca da nova lei do tabaco.
Deve ser a primeira vez que uma lei vem com livro de instruções para o cidadão. Talvez também devessem ter feito isso com as alterações ao Código de Processo Penal...
Mas, o que importa mesmo é analisar o conteúdo dessas recomendações. Aquilo que a DGS pede encarecidamente é que os portugueses denunciem (ouviram bem: denunciem) os fumadores. Quando eu era mais novo, sempre me ensinaram que era feio fazer queixinhas, sobretudo quando se tratava de coisas insignificantes. Ora, este Governo, composto por pessoas bastante mais velhas que eu, pensa de forma totalmente diferente. Vamos, pois queixar-nos dos fumadores, sabotar-lhes os isqueiros e soprar-lhes para os fósforos, e esperar que a Polícia chegue e os multe.
Mas pensando bem, esta ideia das queixinhas nem surpreende muito. Tendo em conta o que certas pessoas têm passado à custa das queixinhas por dizerem mal do Governo, esta nova lei apenas estende este paradigma à área da saúde.

Porquê?

Este blog surge no seguimento de muitos comentários publicados em blogus de outras pessoas.
Interessa sobretudo comentar e analisar a actualidade, de forma independente. O título "Intromissões" justifica-se por isso mesmo: aquilo que irei fazer neste blog será uma intromissão em assuntos públicos da actualidade, tentando comentá-los à luz das minhas crenças e opiniões.
Este blog não vai fugir dos temas polémicos. Portanto, todos estão convidados a comentar, sugerir e criticar, desde que o façam de forma construtiva.