quarta-feira, 30 de abril de 2008

Pausa

Aproveitando o feriado e o consequente fim de semana comprido, o Intromissões vai tirar umas pequenas férias.

Esta pausa irá servir para que a manutenção deste espaço seja repensada. Ao fim de alguns meses, a urgência que sentia em comunicar abrandou bastante. Portanto, não sei se este espaço ainda fará algum sentido.

Voltarei no dia 5, com a cabeça limpa, para uma decisão final.

Bom feriado a todos.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Alguém pode fazer qualquer coisa?

Ouvi agora mesmo na RTP que o preço dos combustíveis vai aumentar 3 cêntimos por litro a partir da meia-noite.
Assim, a Gasolina 95 vai passar a custar € 1,45 e o gasóleo € 1,33.

Esta será a 17ª alteração de preço da gasolina desde o início do ano. E, curiosamente, será o 14º aumento, contra apenas 3 descidas de preço.

Tudo isto numa altura onde o petróleo bate recordes sucessivos. Em dólares. Mas as petrolíferas, que o compram em dólares e vendem em Euros, pouco ou nada têm sido afectados pela subida do preço do petróleo, porque o dólar tem também batido recordes face ao Euro.

Alimentos e combustíveis. Dois mercados dominados pela especulação.

Alberto João

A corrida à liderança do PSD está ao rubro. Apesar de já me ter pronunciado sobre os candidatos que conheço, julgo ser necessário falar um pouco acerca de um pseudo-candidato: Alberto João Jardim.

Em primeiro lugar, devo advertir, a título de disclaimer, que gosto de Alberto João. Não pelas suas políticas, nem pelas suas crenças. Alberto João diverte-me. Pura e simplesmente entretém-me. Para mim, um Telejornal é sempre mais rico e mais apelativo quando tem reportagens da Madeira, e onde podemos ver Alberto João no meio do povo, desancando jornalistas e políticos a torto e a direito, com um à vontade tal que me consegue arrancar sempre um sorriso, por pior que o dia tenha sido.

Mas será de um entertainer que o maior partido da oposição precisa? A meu ver, não. Como já tive oportunidade de dizer aqui, o PSD precisa de um líder tão consensual quanto possível, por forma a conseguir chegar perto do PS.

E Alberto João seria tudo menos um líder consensual. Aquela veia populista que a mim me arranca sorrisos, arranca cabelos aos conservadores dentro do PSD. Mas é natural que assim seja. Porque eu não voto PSD nem pertenço ao PSD. Se pertencesse, trocava os meus sorrisos por uma calvície precoce, isso é certo.

Como tal, considero que Alberto João não deve avançar. A política do Continente é politicamente correcta demais (passe o pleonasmo) para ele. Alberto João pertence à Madeira, aos bailinhos e aos bolos de mel. Não se encaixa no cinzentismo desta política nacional, além de que não é a lufada de ar fresco de que precisamos.

Portanto, Alberto João, deixe-se estar na Madeira. Apareça nos Telejornais e entretenha-nos a todos. Por favor.


P.S.- O título deste post foi descaradamente roubado e adaptado a partir daqui

Itália, no DN de hoje

Afinal, ainda há Parlamentos perfeitos...

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Era bom

Numa altura em que já foram retirados do mercado inúmeros lotes de óleos alimentares, deixo aqui uma proposta.

Porque não entregar esses milhares de litros de óleo para a produção de biodiesel, colocando-os depois no mercado a um preço acessível?

Assim, além de não se deitar fora o óleo, ainda se aliviavam as contas de alguns portugueses...

domingo, 27 de abril de 2008

A ASAE funciona por objectivos

No outro dia, o Público noticiava que a ASAE funcionava por objectivos. Quanto à discriminação destes objectivos, ela pode ser vista aqui, bastando apenas dizer que cada inspector deve levantar um certo número de autos e instaurar certo número de processos de contra ordenação por ano.

Isto é fantástico. A partir deste momento, já não se punem as ilegalidades. Pune-se tudo e mais alguma coisa para atingir os objectivos. Independentemente de ser ou não legal, o que interessa é multar, levantar autos e instaurar processos de contra-ordenação.

A partir de agora, a fiscalização da tão propalada segurança alimentar e económica está deixada ao livre arbítrio dos inspectores. Até se atingir os objectivos multa-se a torto e a direito, com (ainda mais) cegueira e falta de objectividade.

A minha pergunta é: e depois de atingidos esses objectivos? Mudam os critérios das inspecções? Suaviza-se a pretensa autoridade dos inspectores? Ou o Sr. Nunes vai fazer uma campanha de incentivos, oferecendo bónus remuneratórios, viagens e eleição como inspector do mês?

Realmente, esta iniciativa so demonstra o perigo que é pôr muito poder nas mãos dos loucos.

A UE homologa...mas também amolga

A entrada de Portugal na União Europeia teve inúmeros benefícios. A nossa economia cresceu e a nossa sociedade desenvolveu-se, com a entrada num mercado comum, partilhado por milhões de pessoas.

No entanto, com a UE, chegaram as famosas homologações. A UE adora homologar. Adora legislar. Adora controlar.

Hoje, em conversa com uma pessoa, dizia que a UE não homologa. Amolga. Amolga tradições e gestos milenares com as suas regrazinhas infinitas. Amolga negócios de pessoas honestas, que não têm meios para fazer investimentos em infraestruturas que só estão ao alcance das grandes empresas.

Vendo bem, poucas são as áreas onde a UE, com as suas homologações, não amolga as tradições.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

E Santana avançou...

No post abaixo, falei de uma eventual candidatura de Santana Lopes à liderança do PSD, antes de ela ter sido publicamente anunciada.
Era em momentos como esse que gostava que este blogue fosse mais lido, sobretudo até pelo próprio Santana Lopes, para que ele aceitasse os meus humildes conselhos.

No entanto, a esfera de influência deste blogue é bastante baixa, e estou certo que Santana Lopes não leu o meu apelo ou, se por acaso o leu, ignorou-o. Mas não o deveria ter feito.

Se Santana Lopes perde as eleições do PSD, perde mais uma das suas (muitas) vidas políticas. Mas desta vez, perde-a dentro do seu próprio partido, o que contribuirá para um maior descrédito acerca das suas capacidades. Uma derrota nestas eleições para a liderança do PSD irá acabar com muitas das esperanças políticas que Santana ainda pudesse ter para, num futuro mais longínquo, poder voltar ao Governo. E irá, definitivamente, fazer com que Santana vá “andar” para outros lados, em vez de “andar por aí”, como fez até agora.

Por outro lado, se Santana ganha, irá dar a última estocada num partido que, neste momento, está moribundo. Além disso, a vitória de Santana é a melhor coisa que pode acontecer a Sócrates, que pode ter uma vida descansada até às eleições, já que tem como opositor a pessoa que derrotou de forma clara nas últimas eleições.

Se Santana ganhar, é bastante provável que o PSD tenha os seus dias contados. E é bastante provável que Sócrates volte a ter uma legislatura calma, de 4 anos, com maioria absoluta.

Por tudo isto, é urgente que os militantes do PSD não escolham Santana para presidente do partido. Uma vitória de Santana será o fim do PSD, e uma derrota fará com que ele se afaste durante algum tempo, permitindo que o PSD tenha, ao fim de alguns anos, uma liderança estável e capaz de, em 2009, conseguir pelo menos retirar a maioria absoluta ao PS.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Ele anda por aí. Mas esperemos que não avance.

O DN de hoje deixa em aberto um eventual avanço de Pedro Santana Lopes para a liderança do PSD, depois de Menezes já ter afirmado que não se vai candidatar.

Santana Lopes pode ter muitos defeitos. Mas é, inegavelmente, um homem inteligente. Sendo assim, não percebo sequer porque é que ele equaciona uma candidatura.
Santana Lopes, pela má imprensa que tem desde que foi Primeiro-Ministro, tem de deixar arrefecer a sua imagem. Não o fez quando aceitou ser líder parlamentar na liderança de Menezes, e cometerá o mesmo erro se agora decidir avançar para a liderança do PSD.

Além disso, Santana, se concorrer, fá-lo contra Manuela Ferreira Leite, que é uma pessoa que gera muitos mais consensos dentro e fora do PSD do que Santana. E neste momento, o PSD precisa de união, porque é pouco provável que ganhe as eleições em 2009, mas é provável que, com essa união, retire a maioria absoluta a Sócrates, ganhando uma margem de manobra bastante grande na próxima legislatura.

Pode até ser que um dia mais tarde Santana Lopes volte a ser presidente do PSD. Mas agora, claramente, não é o momento certo.

terça-feira, 22 de abril de 2008

O Prós e Contras sobre o PSD

O Prós e Contras de ontem debruçou-se (finalmente) sobre um tema interessante. Já estávamos todos fartos dos professores e da ministra, portanto foi óptimo ver a RTP a dedicar algum tempo à oposição, sem convidar um ministro para uma espécie de tribuna de honra.

No entanto, aquele programa podia render muito mais sem aquela apresentadora. Intelectualmente falando, o programa podia ser bem mais estimulante. A apresentadora tem o grave problema de não se saber limitar ao seu papel. Em última análise, ela está lá para moderar o debate, colocar perguntas e fazer com que a palavra passe por todos os convidados.
Não está lá para opinar e deixar uma marca de sabedoria pessoal, porque ninguém quer saber o que ela pensa. Os espectadores pretendem apenas que ela conduza o debate.

Quanto ao programa propriamente dito, gostei do tema, embora não tenha apreciado o painel de convidados. Sobretudo os pseudo-convidados, que ficam sentados e que de repente se levantam para dar a sua opinião. Os dois politólogos que lá estavam debitavam pensamentos absolutamente incompreensíveis, de uma forma desgarrada, apenas e só para mostrar conhecimentos.

Além disso, por uma vez na vida, sentiu-se a falta de Luís Filipe Menezes, que poderia ter ali uma oportunidade de esclarecer os motivos da sua demissão e de revelar se irá ou não ser candidato.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

O avanço de Ferreira Leite

A corrida à liderança do PSD está ao rubro. A cada dia surge um candidato novo.

O último candidato (ou a última candidata) a surgir foi Manuela Ferreira Leite. É incontestavelmente o nome de peso nestas eleições do PSD. E é bastante provável que ganhe as eleições e seja líder do maior partido da oposição.

Contudo, tem um problema. O facto de não ser deputada afasta-a do círculo mediático da política e, mais importante do que isso, do cara a cara com Sócrates a cada 15 dias. Esta falta de assento parlamentar pode ser um grande entrave para um líder na oposição (Menezes e Ribeiro e Castro que o digam).

Além disso, resta ainda ver como é que Ferreira Leite se irá aguentar no combate político com Sócrates, sobretudo com as faltas de respeito e os laivos de arrogância que caracterizam o primeiro-ministro. Até pode ser que Ferreira Leite, sendo mulher, consiga suavizar um pouco a rudeza de Sócrates, para que ele se mostre mais bem educado com a oposição.

Por outro lado, Manuela Ferreira Leite tem a vantagem de conhecer muito bem a economia e as contas públicas do nosso País. E é certo que a economia vai desempenhar um papel fundamental na campanha eleitoral, com algumas descidas de impostos nos meses antes das eleições. Portanto, Manuela Ferreira Leite tem de se fazer ouvir nesta área, tentando forçar o Governo a admitir, de uma vez por todas, o carácter eleitoralista das descidas dos impostos.

Mas não sei se Manuela Ferreira Leite é a pessoa certa para ganhar a Sócrates em 2009. Tem com certeza maiores hipóteses do que Menezes, e é quase certo que, com Ferreira Leite, será muito difícil que o PS obtenha nova maioria absoluta em 2009.

Agora, há que dar tempo ao tempo.

É preciso travar a especulação

A escalada dos preços dos alimentos deve-se, em última análise, ao facto de a especulação ter entrado em força nesta área da economia. Como é bem salientado n' O Povo, a subida dos preços dos alimentos ocorre porque a partir de agora há quem ganhe dinheiro com esses aumentos.

Sendo assim, importa questionar quem serão as pessoas capazes de investir e de ganhar dinheiro, à custa da fome dos outros. É de uma falta de escrúpulos gritante. E de uma ganância alarmante.

O capitalismo tem muitas vantagens, mas não podemos embarcar numa lógica capitalista selvagem, utilizando todo e qualquer pretexto para fazer dinheiro. Especialmente os alimentos. Porque, por muito ricas que essas pessoas sejam, irão precisar sempre de comer.

É urgente que se faça algo para travar esta subida de preços. É preciso, acima de tudo, que os alimentos deixem de ser vistos como uma potencial fonte de investimento, e que recuperem a sua finalidade lógica e essencial: a de nos alimentar e serem acessíveis a todos.

domingo, 20 de abril de 2008

O (novo) PSD

Há alguns dias, escrevi aqui acerca do estado do PSD, e previ que seria provável que
Ângelo Correia retirasse o seu apoio a Menezes, deixando-o ainda mais sozinho e exposto na liderança do PSD.

Pois bem, devo admitir que me enganei. Afinal, saíram os dois, e o PSD voltou a mergulhar numa encruzilhada necessária, mas que pode prejudicar um eventual regresso ao poder já em 2009.

Obviamente que com a liderança de Menezes, o PSD nunca conseguiria derrotar Sócrates em 2009. Menezes foi o chamado erro de casting. Prometia muito quando fazia parte da borbulhagem interna, prometia ainda mais quando concorria à liderança mas, quando finalmente lá chegou, foi um autêntico flop, e danificou bastante a imagem do partido.

Mas a demissão de Menezes chegou tarde demais. Nesta altura, nenhuma das figuras principais do partido vai querer avançar, porque já falta pouco tempo para as eleições. Sendo assim, mais uma vez, o PSD vai ter de se contentar com uma figura de segunda linha, que irá fazer algumas mudanças, mas que não irá conseguir recuperar a imagem do partido de forma a ganhar as eleições do próximo ano.

Os grandes nomes de que se fala (Rui Rio, Manuela Ferreira Leite e Marcelo Rebelo de Sousa) não estão dispostos a abdicar do seu estatuto para arregaçar as mangas e tentar recuperar um partido feito em cacos. Em última análise, este esforço seria até infrutífero porque neste momento, o descrédito pelo PSD é tal, que seria preciso um esforço sobre-humano para inverter o rumo das coisas e tentar ganhar a Sócrates no próximo ano.

Os dois milhões para Tiago Monteiro

Nos últimos dias, têm surgido algumas notícias dizendo que o Estado apoiou o piloto Tiago Monteiro com 2 milhões de Euros, para que ele pudesse competir na Fórmula 1.

Contudo, não vejo qual o motivo para tanto alarido. A Fórmula 1 é um mercado global, que chega a todo o Mundo, onde cada corrida é vista por mais de 300 milhões de pessoas. Ainda que o Tiago Monteiro não estivesse numa equipa competitiva, estava lá, dentro desse mercado, dava entrevistas, promovia o nome de Portugal e fazia, segundo li hoje no DN, algumas acções promocionais para divulgar o nosso país.

Ora, por tudo isto, é inconcebível que se venha dizer que é um escândalo o Estado ter apoiado o Tiago Monteiro com 2 milhões de Euros.

Para mim, é muito mais escandaloso o Estado dar inúmeros subsídios a certas companhias de teatro que fazem peças absurdas e cuja audiência raramente ultrapassa as 5 pessoas por exibição. Para mim, é muito mais escandaloso ver o Estado subsidiar construções megalómanas de estádios de futebol, de clubes que hojeestão na 2ª Divisão e que não têm mais de 100 pessoas por jogo.

Isso sim, é dinheiro mal gasto.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

O ataque ao casamento

"Eu divorcio-me de ti! Eu divorcio-me de ti! Eu divorcio-me de ti!"

Em breve, graças às propostas do Bloco de Esquerda e do PS, quase que será possível que esta fórmula fundamentalista muçulmana vigore no nosso país, para permitir a dissolução do casamento.

Na lógica facilitista que caracteriza a vida de hoje em dia, também o casamento tinha de sofrer algum ataque, visto que hoje em dia, as coisas que supostamente devem ser eternas não são vistas com bons olhos. Portanto, o Governo acha correcto que acabe o conceito de culpa no divórcio e o Bloco de Esquerda diz que se deve permitir o divórcio por mera vontade de um só cônjuge.

Em várias discussões que já tive sobre os casamentos, as pessoas de esquerda sempre me chamaram a atenção para o facto de o casamento ser, em última análise, um contrato entre duas pessoas.

Pois bem, agora sou eu que reverto este argumento.

Se o casamento é um contrato, igual a qualquer outro, não pode ser dissolvido por vontade de uma das partes, sem qualquer indemnização. Existe uma figura, no Código Civil, chamada distrate, que aborda precisamente o tema da resolução de um contrato por mútuo acordo.
Portanto, ao suportar esta proposta de lei no facto de um casamento ser um contrato, os senhores deputados (entre os quais muitos licenciados em Direito), esqueceram-se de uma regra básica no Direito das Obrigações: é que os contratos só se consideram desfeitos se as partes nele intervenientes estiverem de acordo quanto a isso.

Se esta proposta de lei vai para a frente, é melhor aproveitarmos. Aproveitarmos para pedir aqueles créditos pelo telefone, de montantes exorbitantes, e depois, na altura de os pagar, dissolvemos o contrato, de acordo com a nossa vontade.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Alguém me pode responder?

Porque é que alguém do Instituto de Desenvolvimento e Inspecção das Condições de Trabalho, em horário de expediente (16h21), vem ler este blogue a propósito do post que publiquei acerca do ataque à ASAE ao Snob? A fiscalização de blogues é uma realidade?

segunda-feira, 14 de abril de 2008

A ASAE atacou o Snob

O restaurante Snob foi invadido pela ASAE. Com a prepotência do costume, paralisaram o restaurante e intimidaram os clientes. Tiveram azar, porque muitos clientes eram jornalistas, que agora contam a verdade sobre as inspecções da ASAE.

A ler, aqui, no blogue Atlântico.

A fome espalhada pelo Mundo

A fome expande-se pelo Mundo, enquanto que os ambientalistas empedernidos continuam a utilizar a quantidade de milho suficiente para alimentar uma pessoa durante um ano para encher o depósito do seu carro, evitando assim a poluição do ambiente.

Com o agravar desta crise, nada ficará igual. Pela primeira vez na história, existe uma possibilidade real de haver uma guerra de proporções inimagináveis para obter alimentos. No Haiti, Egipto e Filipinas já há quem lute até à morte para obter um pouco de comida. Noutros locais, a compra de um simples pão consome 3/4 do rendimento de uma família.

Há que tomar medidas enquanto é tempo. O petróleo está com um preço escandaloso porque se tornou um investimento muito rentável. Que não ocorra o mesmo com o arroz, o milho e o trigo.

domingo, 13 de abril de 2008

Os propósitos deste blogue

É inequívoco. O post publicado abaixo acerca do Estado do PSD tem suscitado polémica. Uma polémica pequena, mas que faz com que me sinta tentado a escrever algumas linhas sobre os propósitos deste blogue, sem prejuízo de recomendar a leitura da caixa de comentários do post acima referido...e abaixo publicado.

Fui confrontado por um leitor deste blogue, que afirmou que as minhas afirmações eram especulativas e que pretendiam criar um efeito político. No fundo, eram meros mexericos. Além disso. foi-me ainda recomendado que fosse à fonte das informações, para poder corrigir aquilo que tinha escrito.

No entanto, e como referi no primeiro post que publiquei, em Novembro de 2007, este blogue serve apenas para que eu faça algumas intromissões (daí o título) em alguns assuntos da vida pública do País e do Mundo. Como tal, este espaço não serve para obter informação pura.

Em primeiro lugar, porque não tenho tempo nem capacidade para isso. E em segundo lugar, porque não foi essa a minha intenção ao criar o blogue. Este espaço existe para que eu possa partilhar as minhas ideias com aqueles que nelas estejam interessados. É-me indiferente se só tenho 5 ou 10 visitas por dia. Não pretendo manter um blogue para informar. Tenho um blogue para reflectir e analisar a informação que recebo.

Portanto, julgo que é injusto que me seja exigido que não especule, não pense e não preveja alguns acontecimentos. Agradeço até que discordem das minhas ideias, para que elas possam ser discutidas e debatidas e para que possamos crescer intelectualmente.

Mas, por favor, não me peçam que deixe de pensar.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

A fome, vista pelo DN de hoje

No artigo que abaixo transcrevo, o DN aborda o problema da subida generalizada dos preços dos alimentos básicos.

É preocupante, e é urgente que se acabe com a especulação no mercado dos alimentos. Mais ainda do que acabar com a especulação no mercado do petróleo.

«Vários países mergulham no caos devido a protestos

Violentos motins causados pelo aumento dos preços dos alimentos estão a provocar o caos no Haiti. Os tumultos já duram há uma semana e provocaram até agora pelo menos 5 mortos e 40 feridos. A situação agravou-se ontem, quando manifestantes tentaram atacar o palácio presidencial, em Port-au-Prince. Forças da ONU dispararam balas de borracha para dispersar a multidão e o Brasil, que comanda a missão das Nações Unidas, já enviou comida de emergência.O Haiti é apenas um dos países afectados por um problema que se agrava em cada dia que passa: o aumento mundial dos preços dos alimentos, fenómeno complexo que ameaça a estabilidade de regiões pobres e centenas de milhões de vidas.Os preços mundiais estão a aumentar há três anos. Só o custo do trigo, por exemplo, subiu 181% em 36 meses. As razões são diversas, mas estão sobretudo relacionadas com mudanças no consumo e com o petróleo caro. O aumento do preço da energia torna os fertilizantes mais dispendiosos e o transporte mais caro. Também estimula a produção de biocombustíveis (por exemplo, à base de milho, girassol ou soja), que por sua vez, desequilibram a oferta de rações para animais. A isto somam-se alterações climáticas, que não têm impacto nas produções mundiais, mas podem ser catastróficas a nível regional.Ontem, em Nova Deli, Jacques Diouf, o director-geral da FAO (a agência da ONU para a alimentação) fez um novo alerta para o problema do aumento dos preços e os respectivos efeitos na alimentação dos mais pobres. "Os preços subiram 45% nos últimos nove meses e há uma séria falta de arroz, trigo e milho", disse Diouf.As organizações internacionais, como a FAO ou o Banco Mundial, têm alertado para a questão. Além do Haiti, já houve incidentes no Egipto (anteontem morreu um jovem durante uma manifestação provocada pelos preços elevados da comida), na Costa do Marfim, Camarões, Bolívia, México ou Iémen, entre muitos outros. A crise alimentar atinge 36 países, segundo a FAO, não apenas pelo aumento dos preços dos alimentos, mas por efeitos regionais, tais como secas, inundações, conflitos políticos ou dificuldades de pós-conflitos. A Suazilândia ou o Lesotho, por exemplo, estão em seca há vários anos. O Zimbabwe mergulhou em profunda crise política. A respectiva situação alimentar é de "faltas excepcionais" de alimentos.Na Ásia, a situação mais grave é no Iraque, onde há milhões de deslocados, mas também no Afeganistão ou na Coreia do Norte. A insegurança alimentar (situação menos séria do que a anterior) afecta países muito populosos, tais como República Democrática do Congo, Quénia, Etiópia, Paquistão, Indonésia ou ainda Bolívia, entre outros.A população mundial aumenta entre 50 milhões e 70 milhões de pessoas em cada ano. Isto está a provocar uma forte pressão sobre a terra arável disponível. Enquanto os países mais ricos, como os da União Europeia ou os Estados Unidos, estão há duas décadas a reduzir os espaços agrícolas; outros, como China, Índia ou Brasil tendem a aumentar as terras aráveis, causando maior erosão dos solos.O enriquecimento de alguns países também tem impacto. Em 1980, o consumo per capita de carne, na China, era de 20 quilos; agora é de 50 quilos. Mas, nos países mais pobres do mundo, um quarto da população gasta 70% a 80% do seu rendimento em comida. São estes países que mais sofrem com a inflação internacional. Um dos Objectivos do Milénio, proclamados pela ONU com meta até 2015, era o de erradicar a pobreza extrema e a fome. As razões para o aumentos extraordinário dos preços dos alimentos não vão desaparecer tão cedo e o objectivo parece comprometido. As grandes fomes do passado foram provocadas por conflitos ou falhanços catastróficos de colheitas. A actual situação de subida muito rápida e acentuada de preços mundiais é inédita, dada a extensão do comércio internacional. As consequências são uma incógnita. »

PS - Os sublinhados são da minha autoria

quarta-feira, 9 de abril de 2008

O estado do PSD

Neste momento, o PSD está a assegurar uma nova maioria absoluta de Sócrates em 2009. A liderança errática, as mudanças de opinião e as contradições têm tomado conta do único partido que, em princípio, é capaz de derrotar o PS.

A liderança do PSD tem sido errática desde o primeiro dia. A partir do momento que Menezes nomeia Santana Lopes para Presidente do grupo parlamentar comete um grave erro. Claro que, para ele, era preferível ter Santana como "amigo" do que como inimigo, mas Menezes, ao fazer isto, deu a ideia de que o partido tem duas lideranças, que por vezes têm ideias diferentes. Além disso, esta nomeação fez com que Menezes ficasse refém de Santana, porque nunca o poderia demitir, visto que isso daria a ideia de desunião do partido e faria com que Santana rapidamente se tornasse numa voz crítica e num potencial candidato à liderança.

Menezes, por seu lado, vai fazendo os possíveis para se manter à frente do PSD. Em minha opinião, já deveria ter saído e dado espaço a uma nova cara para preparar o assalto ao poder em 2009.
Ao eternizar-se no cargo (apesar de lá estar há menos de um ano), Menezes vai desgastando a sua imagem, prejudicando o partido nas sondagens e, curiosamente, contribuindo indirectamente para o crescimento dos partidos de extrema esquerda.

Nos últimos dias, julgo que a situação se tornou insustentável. É inadmissível que um partido com ambições de poder prefira criticar a nomeação de Fernanda Câncio para um programa da RTP, em vez de criticar a escandalosa ida de Jorge Coelho para a Mota Engil (analisada abaixo no post "O Trampolim"). No fundo, o PSD perdeu tempo com um fait-divers, em vez de se preocupar com a promiscuidade existente entre o PSe algumas empresas.

Para terminar, e em jeito de cereja no topo do bolo, ontem Menezes teve o seu braço-direito a dizer que planeia abandonar o partido e a política activa. Era difícil um maior sinal de descrédito. O que pensarão os eleitores quando vêem o braço-direito de Menezes a querer sair por discordância de ideias?

Por tudo isto, é urgente que Menezes saia. Mas também é urgente que um eventual candidato não seja outra figura de segunda linha. Senão, teremos de aturar Sócrates por mais 4 anos...e com maioria absoluta.

terça-feira, 8 de abril de 2008

O (des)Acordo Ortográfico

O tema tem estado muito em voga, e ainda não tive oportunidade de expressar aqui a minha opinião acerca dele.

Embora não seja um estudioso da linguística, algumas opiniões que tenho lido, bem como outras notícias, têm feito com que tenha uma certa aversão a este acordo ortográfico.

Acima de tudo, acho que este acordo foi mal negociado, diplomaticamente falando. Nós, os portugueses, somos aqueles que mais cedências faz em prol desta uniformização linguística para os países de língua portuguesa.

E é estranho que isto seja assim. Se a língua original é nossa, e se fomos nós que a levamos até aos outros povos, porque é que não são eles a adaptar o seu "português"ao nosso? Porque é que os brasileiros não passam a pôr o "h" em "húmido"? Porque é que eles não começam a hifenizar as palavras compostas em vez de sermos nós a deixar cair o hífen? Porque é que não são eles a introduzir o "c" mudo em "actor" e "actriz" ou o "p" em "óptimo"?
Em suma, porque é que havemos de ser nós a mudar a nossa maneira de falar e escrever para nos adaptarmos a uma forma de escrever que não é nossa e que não teve origem em Portugal?

Apesar de este acordo só entrar em vigor daqui a dez anos, devo dizer desde já que não o vou cumprir. Recuso-me, por teimosia e discordância, a falar um português abrasileirado que não é, nem nunca foi, o meu. Posso até passar a ser chamado à atenção por dar erros ortográficos, mas uma coisa é certa: nunca deixarei de falar o português de Portugal.

O etanol como causa de fome

Nos próximos tempos, iremos enfrentar uma grave crise alimentar, com a subida generalizada dos preços dos alimentos básicos nos mercados internacionais.

O preço do trigo cresce a olhos vistos. Logo, o preço do pão sobe, juntamente com os preços de todos os outros produtos feitos a partir do trigo.
Além do trigo, também há o milho. Como é dito, e bem no blog Atlântico, o milho é uma das bases para a produção de etanol, um combustível não poluente. O problema é que para encher um depósito com etanol, utiliza-se uma quantidade de milho necessária para alimentar uma pessoa durante um ano.

E é isto que é chocante. Para os defensores do etanol, é indiferente que uma pessoa morra à fome. O que interessa realmente é que vivamos num ambiente limpo e sem substâncias poluentes.

No fundo, é este o grande problema de todos os ambientalistas: o seu fundamentalismo. Preferem a vida das plantas à vida dos homens. Para eles, é preferível consumir o milho que alimentaria uma pessoa durante um ano do que poluir o ambiente.

A estes ambientalistas falta-lhes equilíbrio e bom senso. Obviamente que há esforços que todos podemos fazer para preservar o ambiente. Mas é inadmissível que esses esforços preservem o ambiente à custa daqueles que dele usufruem: os humanos.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

A ler

Assustador e (quase) inevitável, o artigo sobre a Fome publicado no Povo.

O trampolim

A manchete do DN de hoje revela que o Serviço Nacional de Saúde está a perder médicos a uma velocidade alarmante. Isto ocorre porque os médicos preferem trabalhar no sector privado, com ordenados e regalias muito superiores às do sector público.

No entanto, a situação dos médicos é semelhante ao que acontece na política. Raros são os antigos membros de Governo ou directores gerais que, depois de cessarem funções, permanecem no sector público. A esmagadora maioria deles vai para o sector privado, onde exercem funções parecidas, mas onde ganham mais do dobro.

O último exemplo desta fuga para o sector privado deu-se com Jorge Coelho. É certo que Coelho já não faz parte de um Governo há muito tempo, mas de qualquer forma, parece-me pouco ético que ele assuma um lugar de destaque na Mota Engil (empresa de construção) quando há alguns anos atrás foi Ministro das Obras Públicas.

Não ponho em causa a integridade moral de Jorge Coelho, até porque não o conheço. Contudo, atitudes destas sujeitam-no à crítica e a uma sensação de promiscuidade entre o sector público e privado que não deveria existir. Não é descabido que nos questionemos se este novo cargo não fará parte de uma qualquer troca de favores.

Hoje em dia, uma ida para o Governo é um verdadeiro trampolim. Qualquer ministro sabe que, no dia em que sair, tem fortes hipóteses de ingressar numa empresa do sector privado, a ganhar ainda mais do que ganhava no Governo, beneficiando essa empresa dos conhecimentos que essa pessoa tem acerca do funcionamento do Estado.

É certo que qualquer um de nós é livre de exercer os cargos que quiser, nas empresas que desejar e que o desejem. Mas também é certo que uma pessoa que passa por um ou por mais Governos, deve saber há certos cargos que lhe estão vedados. Mas, em certas alturas, o dinheiro sobrepõe-se à ética pessoal.

Depois, sujeitam-se às críticas.

domingo, 6 de abril de 2008

Sondagens...

Na semana passada, o blogue Atlântico apresentava uma sondagem que indicava que 76% dos americanos estão prontos para um presidente negro, e que 63% estão preparados para que seja uma mulher a assumir esse cargo.

A minha dúvida é a seguinte: e se Condoleezza Rice se candidatasse?

Desafio

Atenção ao desafio lançado pela Maria João Marques no blogue Farmácia Central.

Dá que pensar e vale a pena.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Marinho Pinto acertou

Este espaço já foi utilizado várias vezes para tecer duras críticas ao bastonário da Ordem dos Advogados. No entanto, a crítica não pode ser cega, e o facto de não se gostar de uma certa pessoa não pode levar a que se ignorem as coisas certas que ela faz.

No caso de Marinho Pinto, nos dois últimos dias disse duas coisas muito acertadas. Em primeiro lugar, chamou a atenção para o facto de Mário Machado ser um preso político, coisa que é verdade e que poucos têm tido coragem de dizer.

Depois, já no dia de ontem, criticou o absolutismo dos juízes que agem como se estivessem dotados de um poder real.

São observações bastante acertadas.

Mário Machado, preso há mais de um ano, só está preso por motivos políticos. As armas que foram apreendidas estavam legais, e acabaram por colocá-lo em prisão preventiva por discriminação racial, sendo esta a melhor maneira de prender alguém por exercer a liberdade de expressão que, supostamente, é um apanágio da democracia.

O poder quase "real" dos juízes relaciona-se intimamente com esta detenção. Mário Machado está hoje preso porque os juízes querem, podem, e prendem. Sem que ninguém os responsabilize por isso.

Deus queira que Marinho Pinto se empenhe tanto em fazer barulho por estas duas causas como o fez aquando da sua eleição para Bastonário, com declarações que já foram aqui analisadas.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Será verdade?

Li hoje uma notícia no DN que, espero bem, seja amanhã considerada como a mentira do dia 1 de Abril.

A notícia em causa diz que, no seu novo filme, James Bond guiará um Ford KA em vez do habitual Aston Martin, visto que o Ford KA é considerado um carro mais "amigo do ambiente". A ser verdade, demonstra bem a profundidade que o lobby ecológico já atingiu.

O melhor é mesmo que o James Bond tenha juízo, e em vez do seu vodka martini ("Shaken not stirred"), passe a beber copinhos de leite...

PS - A notícia não está no site do DN, portanto não pude colocar o respectivo link

O petróleo

Muito se tem falado na escalada do preço do petróleo. Pouco se tem dito acerca do facto de o petróleo ser cotado em dólares, e de o Euro estar a ter uma valorização crescente face ao dólar.

Pela lógica, se o preço do petróleo em dólares aumenta, mas 1 dólar vale 1,5 Euros, o aumento do preço do petróleo não deveria ser sentido nos países que têm o Euro como moeda.

Mas parece que não. As regras do mercado e da especulação deturpam a própria lógica.

Veja-se o seguinte exemplo, ilustrado com dois gráficos:


Câmbio EUR/USD, desde 1999 a 2008:



Gráfico Ilustrativo da evolução do preço do petróleo:





Portanto, fazendo algumas contas simples, conclui-se que, a preços de 2008, o petróleo custa pouco mais do que custava no ano 2000.

E como é que os preços sobem tanto?