sábado, 29 de março de 2008

A fuga do erro

Ontem, no debate quinzenal da Assembleia da República, assistimos a um momento “guterrista”, que trouxe à memória algumas recordações hilariantes. Quando se discutia o valor do défice orçamental do ano passado, o nosso primeiro-ministro confundiu 0,1% do PIB com 1% do PIB.

Chamado à atenção pelas restantes bancadas do parlamento, Sócrates, perante a evidência do seu erro, não o reconheceu, preferindo atacar a oposição por lhe ter apontado este erro.

Para um homem que, há pouco tempo, se deu a conhecer na sua intimidade, tentando mostrar-se uma pessoa normal, humilde e razoável, esta fuga para a frente de Sócrates demonstrou bem a falsidade dessa entrevista.

Porque é que Sócrates não assumiu o erro? Bastava pedir desculpa aos deputados e dizer que se tinha enganado. Não era nada do outro mundo. Será que ele acha que só será reeleito se estiver sempre certo? Ou pior, será que ele se acha imune aos erros? Se o faz, procede mal, porque um pouco de humanidade num discurso nunca fez mal a ninguém. Sobretudo quando se tratam de contas matemáticas, que são totalmente objectivas e cujo resultado pode ser facilmente comprovado.

Em suma, parece-me que não lhe tinha ficado mal assumir o erro. Seria a maior prova da veracidade dos seus actos e da sua honestidade. Mas ele desperdiçou-a.

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