quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Dualidade de critérios

Há uma coisa que me tem intrigado nos últimos tempos, e que não tem nada que ver com política, economia ou qualquer outro assunto da actualidade.

Falo das famosas séries da televisão norte-americana. Neste momento, além de Dr.House, sigo também a nova série de 30 Rock (muito bom, mesmo antes dos Emmy) e ainda "Samantha Who?". No fundo, são séries leves, com bastante sentido de humor, e que permitem descontrair no final da semana.

No entanto, apesar de serem leves e humorísticas, há um aspecto que me deixa perplexo.

Nestas séries que acompanho (e em muitas outras de que já ouvi falar), os personagens têm o hábito de sair do trabalho e ir, como se costuma dizer, "beber um copo". Ora, até aqui, nada de mal. Mas depois, chegam a casa e o que fazem? O jantar, cuja confecção é acompanhada por um copo de vinho. Depois do jantar, quais são os planos? Sair para um bar e ficar na farra até às tantas, com a respectiva dose de bebidas à mistura.

Apesar de não ser um fundamentalista abstémio (e de nem sequer ser abstémio...) faz-me uma certa confusão que se faça uma tal apologia do alcool em séries que, para os padrões rígidos dos EUA, estão classificadas para maiores de 12 anos. Qualquer pessoa que veja isto acha perfeitamente natural que se beba todas as noites, que se saia todas as noites e que um dia de trabalho não esteja completo sem uma ida ao tal bar com os amigos.

Mas mais confusão me faz que, nas mesmas séries onde se incentiva ao consumo do alcool, seja um crime de lesa-pátria um personagem acender um cigarro. Ou melhor, um dos personagens até poderá eventualmente acender um cigarro mas é quase certo que esse será o mau da fita.

Impressiona-me sobretudo a dualidade de critérios. Num caso, promove-se o consumo regular de alcool. Quanto aos cigarros, só se acendem para criticar as personagens que o fazem.

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