segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

O Processo de Bolonha

Desde que criei este blog que tinha a intenção de escrever aqui acerca do Processo de Bolonha.

Esta lei visa padronizar e uniformizar o ensino universitário na Europa, com o intuito de facilitar o intercâmbio de estudantes entre os vários países europeus.

Além disto, estas normas reduzem ainda os tempos das licenciaturas, que podem ser feitas em 3 ou 4 anos. Pretende-se ainda facilitar o acesso aos mestrados como complementos essenciais às licenciaturas.

No entanto, a maioria das pessoas não faz ideia das aberrações que surgem na adaptação destas normas nas universidades do nosso país.
Em primeiro lugar, algumas faculdades aplicam este Processo de forma imediata, sem olharem aos estudantes que entraram na faculdade ao abrigo do sistema antigo. Isto fez com que alunos que estavam no 2º ano se tivessem licenciado em 3 anos e não em 4, como seria habitual.

Portanto, este Processo de Bolonha já começa a fazer estragos. Ao ser aplicado de forma cega, já conseguiu fazer "licenciados à pressa", que tinham começado um curso vocacionado para uma duração de 4 anos, ao qual é retirado 1 ano lectivo, que não é compensado de outra forma. No fundo, estes alunos sairão mal preparados da Universidade, pois tiveram de aprender em 3 anos aquilo que em princípio deveriam aprender em 4.

Infelizmente, não é tudo.

Estas normas obrigam a uma alteração na ordem das cadeiras de cada curso ou mesmo à criação de novas cadeiras. Acontece que certas Faculdades estão a obrigar alunos mais adiantados a fazer cadeiras de 1º Ano, apenas e só porque o Processo de Bolonha determina que aquelas cadeiras são obrigatórias.

Para além disto, o Processo de Bolonha, em vez de acabar com certas disciplinas que nada acrescentam à formação dos estudantes universitários, faz exactamente o contrário. Cria novas disciplinas, cujos objectivos são desconhecidos pelos próprios docentes, e que servem apenas para ocupar tempo na vida dos estudantes.

Outro problema do Processo de Bolonha é a questão dos mestrados. Daqui a uns anos, uma licenciatura não irá valer nada no mercado de trabalho, porque toda a gente pretende fazer um mestrado. Portanto, os mestrados são quase obrigatórios, havendo até certas profissões que os exigem (a Ordem dos Advogados é um exemplo). Isto, à partida, não tem mal nenhum. O grande problema é o preço que as Faculdades cobram pela leccionação de um curso de mestrado, apesar de ele ser praticamente idêntico a um ano num curso de licenciatura. Estes preços irão impossibilitar o acesso de um grande número de alunos ao mestrado, condenando bastantes estudantes a ficarem apenas com uma licenciatura, por não terem possibilidade financeira de fazer um mestrado.

Curioso, que no princípio do artigo eu expunha o Processo de Bolonha como uma tentativa de uniformização. Parece que afinal isso não vai acontecer...

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