terça-feira, 17 de junho de 2008

O referendo na Irlanda

Por manifesta falta de tempo, fica aqui uma pequeníssima reflexão acerca do chumbo da Irlanda ao Tratado de Lisboa.

O chumbo da Irlanda fez-me recordar a Áustria. Eu sei que, à partida, poucas coisas unem estes países, mas é certo que são dois exemplos de países que fugiram do politicamente correcto.

A Áustria, por volta de 1996 ou 97, teve o desplante de eleger democraticamente um Governo que fugia aos padrões vigentes na UE. A Irlanda, em 2008, teve o desplante de chumbar democraticamente um Tratado que, por imposição constitucional, tinha de ser referendado.

No primeiro caso, a UE sancionou a Áustria, vencendo por cansaço o Governo de Haider. E agora? Será essa a táctica a utilizar? É que é mais fácil vencer um Governo por exaustão do que vencer os milhões de Irlandeses que aceitaram o Tratado.

No entanto, parece-me que o rumo será esse. Já vários membros da Comissão vieram dizer que, como o Tratado foi chumbado, há que haver novos referendos, até que se restaure o politicamente correcto e o Tratado seja aprovado. Foi assim com a Dinamarca, e será essa a sorte da Irlanda.

No meio de tudo isto, temos ainda Sócrates, grande obreiro do Tratado. Se lhe restasse um pingo de humildade, Sócrates devia declarar publicamente o seu apoio à consulta popular na Irlanda, e procurar arranjar novos rumos para a União Europeia.

Contudo, não será (nem foi) isto que aconteceu. Sócrates preferiu seguir a linha da Europa, e aderir ao politicamente correcto, condenando o referendo, e mostrando-se favorável a uma construção federalista europeia "à pressão".

É caso para perguntar: e onde está a Democracia?

Sem comentários: