segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Faltas de presença

No meio da falta de imaginação da semana passada, acabei por me esquecer de abordar a questão das faltas dos deputados.

Sem prejuízo de já ir um pouco fora de tempo, julgo que há vários aspectos que merecem ser focados.

Em primeiro lugar, a falta de profissionalismo dos faltosos. É verdadeiramente indecente que uma pessoa, eleita para um lugar num órgão de soberania representativo de toda a população, falte sem dar qualquer justificação ou, pior ainda, assine o livro de ponto e saia posteriormente. Gestos desta natureza não abonam a favor da classe política que, segundo muitos estudos, é das que têm pior conotação dentro da sociedade portuguesa.
Um profissional, independentemente da sua remuneração (mas tendo sempre em conta que os deputados não ganham nada mal..), tem de ter brio naquilo que faz. Não é uma questão de amor à camisola, como se costuma dizer. É uma questão de mero respeito para com o cargo que exerce e o lugar que ocupa. Pode até nem gostar de fazer o seu trabalho, ou estar ali contrariado, mas tem de ter sempre a noção de que tudo aquilo que fizer enquanto desempenhar aquele cargo tem de ser feito com profissionalismo e dedicação.

Depois, é de destacar ainda a falta de coordenação do grupo parlamentar do PSD. Numa votação onde podiam ter colocado o PS numa posição difícil, o PSD não teve a força necessária para afastar dos seus deputados a tentação de partir mais cedo para um fim de semana prolongado. Esta falta de capacidade de mobilização, além de deixar ver a falta de profissionalismo que realcei acima, transparece ainda uma grave crise de militância, já que houve 30 pessoas que não trocaram um fim de semana prolongado pela defesa de uma causa relacionada com o partido que representam.

Por fim, falta destacar a leveza com que o assunto foi encarado. E a personificação dessa leveza (apesar de fisicamente não o parecer...) é Guilherme Silva, deputado do PSD, que defendeu o fim dos plenários à sexta-feira. Não sei se ele esteve presente nessa votação, ou se deu uma desculpa esfarrapada para faltar, mas o simples facto de ter feito esta sugestão demonstra bem o grau de profissionalismo que reina entre os nossos deputados.
Nesta sugestão, Guilherme Silva apostou na velha táctica do "se não podes vencer, junta-te a eles". Os deputados faltam à sexta-feira? Pois bem, crie-se uma lei que os desobrigue de comparecer na AR à sexta-feita. O número de roubos tem aumentado? Nada mais simples...crie-se uma lei que descriminalize o roubo, e esses números baixarão num instante.

Enfim, são gestos destes que acentuam bem o descrédito existente para com os políticos. Talvez fosse melhor acabar com eles. Assim, acabava-se também o descrédito...

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