quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Psicologia da crise

Alguns autores, quer da blogosfera, quer da Comunicação Social, têm falado inúmeras vezes da crise que atravessamos. E muito se tem discutido acerca da crise: se é económica ou financeira, se já atingiu a economia real, de onde veio e para onde vai.

Mas ainda não vi uma abordagem a esta crise de um ponto de vista psicológico. Apesar de não ser psicólogo, julgo que uma componente muito forte desta crise é psicológica, e é ela que condiciona a recuperação da situação catastrófica a que chegámos.

Basta uma breve análise ao léxico utilizado ultimamente para se perceber que há muita psicologia por trás desta crise. Hoje em dia, fala-se em confiança, em rumores, em receios e, acima de tudo, em informação.

Com isto se prova que a crise é quase mais psicológica do que real. A economia e a matemática ajudam bastante na resolução da crise por serem ciências exactas. Mas é importante que não nos esqueçamos que quem sofre a crise na pele são as pessoas, e são essas mesmas pessoas que têm de ser o motor de recuperação para que as ciências exactas (matemática e economia) possam dar por finda esta crise.

A falta de confiança (seja ela das empresas ou dos particulares) não é um elemento palpável ou determinável. Mas é inegável que ela exerce um poder tal, que será muito difícil recuperar se não se restaurar a confiança das famílias e das empresas.

E temos ainda os rumores. Meros boatos que, caso sejam difundidos por certas e determinadas pessoas, têm o condão de instalar o pânico (que é uma reacção psicológica) nos investidores, e que podem deitar abaixo uma economia no espaço de horas.

Com tudo isto pretendo apenas transmitir uma ideia simples: no meio desta crise, os Governos, as entidades supervisoras e as empresas não se podem esquecer, em caso algum, que dependem das pessoas, e do seu estado psicológico, para pôr em prática as medidas que implementem através de decretos, leis ou regulamentos.

As leis, por si, nada resolvem. É necessário que as pessoas estejam psicologicamente dispostas a segui-las e, neste caso específico, a investir o seu dinheiro para que a economia recupere.

Portanto, fica aqui o aviso: no meio de todas as matemáticas, gráficos e previsões, é importante não nos esquecermos que dependemos todos uns dos outros para que esta situação melhore. E quanto mais rápido nos recuperarmos psicologicamente, mais depressa sairemos desta crise.