terça-feira, 16 de setembro de 2008

Oposição pelo silêncio

Manuela Ferreira Leite (MFL)  inaugurou uma nova forma de fazer oposição: através do silêncio. Muitos são os críticos desta maneira de estar na política. Para eles, oposição é sinónimo de barulho, como se a vitória nas próximas eleições fosse conquistada com peixeiradas e demagogia.

A oposição pelo silêncio tem uma grande vantagem: preserva ao máximo a imagem de MFL. É sabido que MFL não prima pelos dotes oratórios, e que a sua capacidade retórica é sofrível para um líder do maior partido da oposição. Portanto, nada melhor do que o silêncio para não ser apanhada em falso.

Por outro lado, o silêncio de MFL beneficia-a cada vez que ela fala. À semelhança de Cavaco (que fez "parar" o País naquela sua comunicação em Julho passado), MFL é ouvida de cada vez que decide falar, por mais corriqueiro que seja o assunto. A sua carapaça de silêncio faz com que todos a ouçam quando ela "sai da toca" e intervém. E quando intervém, fá-lo de uma forma séria, descomplexada e, embora aquele ar "blasé" de quem está ali a fazer um frete, MFL convence e impulsiona o PSD nas sondagens.

Por último, o tão propalado silêncio tem uma vantagem enorme, que julgo nunca ter sido abordada. O facto de MFL estar calada perante os tropeções do Governo faz com que se levantem outras vozes que, caso contrário, se manteriam silenciosas. Com o seu silêncio, MFL dá oportunidade a outros opositores "não oficiais" do Governo de se manifestarem, e de desgastarem o Governo. Se MFL falasse a torto e a direito, muitos dos que têm falado em pretensa substituição de MFL ficariam calados, e não incomodariam Sócrates nem corroeriam o seu Governo, desbaratando a maioria absoluta.

Por tudo isto se vê e se conclui que, uma vez mais, o silêncio é (mesmo) de ouro...

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