terça-feira, 5 de agosto de 2008

O mês de Julho e Cavaco

Já passou mais de um mês desde que escrevi aqui pela última vez. E num mês, muita coisa aconteceu.

Tivemos guerrilha urbana às portas de Lisboa, com tiroteios e lutas de gangues pelas ruas. Tivemos Chávez de novo em Portugal, reabrindo uma ou outra torneira de petróleo para nos manter contentes. Tivemos Sócrates, na sua prepotência habitual, fingindo não perceber que está a perder votos. Tivemos mortes, crimes de faca e alguidar. Tivemos o caso Maddie, com escassos desenvolvimentos.

Enfim, tivemos basicamente o costume, mas apenas com um pouco mais de calor.

A única diferença foi, sem dúvida, a comunicação de Cavaco Silva ao País. E, apesar de já ter passado algum tempo, foi este assunto que me motivou a vir "sacudir o pó" a este blogue, ao fim de mais de um mês de inactividade.

Com aquela comunicação ao País, Cavaco desceu à Terra. Abandonou o patamar supra-partidário que o tinha caracterizado, e falou ao País sobre um assunto que interessava a poucas centenas de portugueses.

Do ponto de vista táctico, Cavaco esteve bem e mal em simultâneo. Falou em público de um problema que o incomodava, e com isso pressionou o PS a alterar o Estatuto dos Açores. Se não o fizesse, e se expusesse o assunto em privado, arriscava-se a que o PS aprovasse o Estatuto tal como ele estava, e o problema mantinha-se.
Por outro lado, Cavaco errou. Errou porque criou um suspense desnecessário à volta de um assunto que não interessava à esmagadora maioria dos portugueses. E isso pode sair-lhe caro no futuro, porque as suas comunicações ao País deixam de ser vistas como algo usado em casos sérios e graves, passando a ser vistas como mais um elemento da politiquice barata que é feita em Portugal.

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